14 DE JUNHO DE 2019
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O Sr. PauloSá (PCP): — Por exemplo, por que motivo não o resolveu aquando da reforma do IRS, em 2014,
altura em que o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais era do CDS? Não resolveu o problema porque não
quis! Podia tê-lo feito, mas essa não foi a sua opção. A opção do CDS, sempre que esteve no Governo, foi de
ignorar esse problema e pôr os contribuintes a pagar mais IRS.
Protestos do Deputado do CDS-PP Hélder Amaral.
Agora que está na oposição, o CDS lembra-se, de repente, da injustiça que isto representa para os
contribuintes e propõe uma solução.
É o CDS, outra vez, a tentar branquear o seu passado. É o CDS, pela enésima vez, a propor na oposição
aquilo que não quis fazer quando esteve no Governo. É o CDS, na oposição, a tentar parecer o partido amigo
dos contribuintes, o mesmo CDS que, quando esteve no Governo, juntamente com o PSD, foi o partido que
massacrou os contribuintes de mais baixos rendimentos, impondo-lhes um aumento brutal do IRS, do IMI e dos
impostos especiais de consumo.
Aplausos do PCP.
O Sr. DuarteMarques (PSD): — Quatro Orçamentos do PCP! O PCP parece a 5àsec!
O Sr. PauloSá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o problema, em sede de IRS, com a tributação de
rendimentos de anos anteriores é um problema real, um problema que deve ser resolvido. Mas a solução
proposta pelo CDS não é a mais adequada, já que, apesar de aplicar a cada ano a taxa de imposto devida nesse
ano, continua a dividir o rendimento pelo número de anos, circunstância que gera distorções no apuramento do
imposto a liquidar.
A solução mais adequada, que, aliás, esteve em vigor até ao final do ano 2000, será a de permitir que os
rendimentos de anos anteriores sejam reportados aos anos em que efetivamente foram produzidos, garantindo
que o imposto a pagar seja exatamente aquele que resultaria se os rendimentos tivessem sido declarados no
ano em que foram gerados.
O PCP está disponível para debater, na especialidade, o projeto de lei do CDS, procurando uma solução
mais adequada do que aquela que o CDS propõe para o problema da tributação dos rendimentos auferidos em
anos anteriores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado
Paulo Trigo Pereira.
O Sr. PauloTrigoPereira (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estamos a tentar resolver um
problema que é administrativo do ponto de vista legislativo. O problema que temos em mãos aplica-se em grande
parte a pensões em atraso, que, pelo facto de serem pagas tardiamente, vão cair num IRS de um ano posterior.
Esse é um problema administrativo, não é um problema político.
A solução do CDS é, tecnicamente, uma má solução. Aliás, a própria redação — «aplicando-se a cada ano
ou fração a que respeitem a taxa» — levanta dois problemas: primeiro, a taxa não se aplica a um ano, aplica-se
a rendimentos de um ano; segundo, não há uma taxa de IRS, há várias taxas marginais que incidem sobre
qualquer rendimento. Portanto, tecnicamente, é má.
Agora, a questão é saber se há alguma progressão em relação à situação atual. Não há, efetivamente! Hoje
em dia, um pensionista que receba 20 000 euros de pensões de anos anteriores vai reportar e já vai dividir esse
rendimento pela mesma metodologia que o CDS propõe, pelos diferentes anos, aplicando-se as taxas do
corrente ano. O Sr. Deputado Rocha Andrade já disse, e bem, que a única diferença é que, de facto, o que se
está a aplicar para esses rendimentos, que são parcelarizados, são as taxas atuais. E isso pode beneficiar o
contribuinte — como já foi referido, e bem! — ou pode penalizar o contribuinte.