I SÉRIE — NÚMERO 95
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comparar o número de jovens com formação que saíram do Alentejo e que estão a regressar. É verificar o
caminho paralelo desta nova realidade em termos de paisagem com o desenvolvimento sustentado do turismo
na região.
Enquanto autarca, que ainda sou, nota-se uma enorme diferença no recurso e na pressão que era feita junto
das câmaras municipais para resolver os graves problemas do desemprego. Impõe-se responsabilidade na
informação que se passa e é obrigatório que essa informação seja comprovada.
Não podemos afirmar que o olival implica um enorme gasto de água quando está comprovado que o olival
está entre as culturas de regadio menos exigentes em água. Mesmo o olival em sebe consome menos água do
que outras culturas.
Não devemos alarmar para os perigos do uso dos pesticidas e herbicidas sem apresentarmos casos
concretos de situações no domínio ambiental ou da saúde humana, sem apresentarmos dados científicos que
comprovem os motivos de alarme.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Norberto Patinho (PS): — Não podemos confundir os problemas causados com a laboração deficiente
de unidades de tratamento de bagaço de azeitona — que têm de ser resolvidos — com a exploração do olival.
As boas práticas agrícolas, que são obrigatórias, eliminam ou minimizam drasticamente os riscos associados
à utilização de fitofármacos. Mas, mesmo nesta situação, a oliveira apresenta um bom comportamento
relativamente a outras espécies vegetais. Como afirma o Presidente da EDIA, um campo de milho tem 20 vezes
mais veneno e 10 vezes mais adubo.
Também o balanço carbónico é muito positivo, sobretudo nos sistemas com enrelvamento na entrelinha e
sem perturbação do solo após a plantação.
Houve, claramente, uma mudança de paradigma na agricultura alentejana: mais tecnologia, maior
profissionalização, diversificação de produtos, interação com o setor da indústria agroalimentar, produção para
os mercados externos. Os agricultores e técnicos envolvidos são merecedores da nossa confiança.
Nos sistemas intensivos, há um nível superior de aplicação de fertilizantes e produtos fitofármacos, mas
existem competência técnica e fatores estruturais que permitem mais facilmente a implementação das práticas
de forma mais sustentável.
A capacidade técnica, a maior facilidade de mecanização e os incentivos financeiros das medidas
agroambientais conduziram a que os olivais mais modernos apliquem herbicida apenas na linha e tenham
enrelvamento na entrelinha.
A oliveira irrigada por sistema gota a gota é, ao contrário do que se pretende fazer crer, uma cultura com
benefícios comprovados: mediterrânea, autóctone, bem adaptada ao nosso clima e solos.
O regadio traz intensificação da agricultura, mas isso é um facto que não é novidade para ninguém. Foi por
isso que lutámos! Lutámos, durante décadas, pela construção da barragem de Alqueva, pelo regadio, por uma
agricultura diferente, pelo desenvolvimento, por um futuro melhor na nossa região, na nossa terra.
Alqueva foi sempre um projeto contestado: a cota, a mudança de clima, o nevoeiro, foram sempre grãos de
areia que atrasaram significativamente a concretização do projeto.
Não podemos travar o desenvolvimento de uma região. O regadio é decisivo para esse desenvolvimento. O
olival é uma das nossas mais-valias e não o devemos diabolizar.
Temos conhecimento, Sr. Ministro, de que a avaliação dos possíveis efeitos ambientais da cultura do olival
de regadio, realizada por técnicos do Ministério da Agricultura, concluiu que o olival intensivo não promove mais
pressões ambientais do que outras culturas regadas, com expressão determinante no Alentejo.
Temos conhecimento de que determinou que o INIAV promova estudos mais aprofundados, a apresentação
de conclusões e de eventuais recomendações tendentes a mitigar impactos negativos que possam vir a ser
detetados.
Perante a eventualidade de um domínio do território por uma única cultura de forma a constituir uma ameaça
quer sob o ponto de vista económico, quer sob o ponto de vista ambiental, felicito-o, Sr. Ministro, pelo anúncio
que fez há minutos de que vai contribuir para moderar a plantação de novos olivais, definindo regras para a
descontinuidade dos terrenos ocupados com esta cultura.