14 DE JUNHO DE 2019
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Os agricultores fazem todos tudo sempre bem? Seguramente que não! Seguramente que há médicos bons
e médicos maus, professores bons e professores maus, políticos bons e políticos maus, agricultores bons e
agricultores maus. Os agricultores que não cumpram devem ser controlados. É para isso que existem regras, é
para isso que existem penalizações e é para isso que o Governo cá deve estar, ou seja, para controlar e corrigir
o que está mal.
Os senhores virem transmitir uma teoria completamente errada… Aliás, referiram aqui várias organizações
internacionais e eu refiro, para terminar esta primeira ronda, que a BirdLife diz o seguinte: «É necessário
assegurar a compatibilidade da agricultura intensiva com a conservação da biodiversidade num momento-chave
para o futuro da política agrícola comum». Portanto, se a BirdLife também não vos oferece qualquer tipo de
credibilidade, gostaria de saber quais são as organizações que vos oferecem credibilidade.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — O mesmo tratamento, em termos de tempo, terá a bancada do CDS-PP.
Agora é a vez do Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Agricultura, o Sr. Ministro
nunca apanhará o PCP em falso, a criar alarmismo seja em que situação for, mas também não conte com o
PCP para silenciarmos os motivos de preocupação que temos nesta matéria.
Sr. Ministro, as preocupações que temos com a questão das culturas intensivas e superintensivas são de
natureza económica, social e, também, ambiental e de saúde pública.
São, à partida, preocupações de natureza económica e social porquê? Porque temos grandes empresas
estrangeiras que vêm, por exemplo, ao Alentejo comprar milhares e milhares de hectares para implantar culturas
intensivas e superintensivas, reduzindo, por essa via, a capacidade e a disponibilidade de terra para arrendar
— um dos principais problemas dos pequenos agricultores no Alentejo é não conseguirem ter acesso a terra
para arrendar; porque temos um problema com as culturas agrícolas, cada vez mais afuniladas no olival, no
amendoal, na vinha e em culturas intensivas e superintensivas; porque temos um problema de redução do
número de postos de trabalho, já que, com a cultura intensiva e superintensiva, também vem a redução do
número de postos de trabalho que é necessário assegurar e também, por essa via, se diminui o emprego na
área agrícola.
Temos problemas económicos e sociais na nossa região, e um pouco por todo o País, que resultam deste
tipo de agricultura intensiva e superintensiva e essa é uma dimensão que não subestimamos nem
secundarizamos. Os problemas económicos e sociais do impacto deste tipo de agricultura são reais e são
preocupações sobre as quais temos de questionar o Governo. Que avaliação, que monitorização, que
preocupação é que o Governo tem tido com estes impactos económicos e sociais das culturas intensiva e
superintensiva no nosso País?
Ao contrário do que acabou de dizer a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, do CDS, é óbvio que um país que
afunila a sua atividade agrícola em duas ou três culturas não garante a soberania alimentar. Isso é mais do que
óbvio e parece-nos mais do que evidente!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Liberdade de escolha! Conhece liberdade de escolha?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sobre as questões ambientais e de saúde pública, as nossas preocupações
não são menores, mas, Sr. Ministro, não vou especular sobre isso, vou apresentar-lhe um caso concreto.
No concelho de Avis, em Ervedal, Benavila, há explorações agrícolas intensivas e superintensivas
confinantes com zonas habitacionais e com a água superficial da barragem do Maranhão.
Sr. Ministro, relatos da população de Benavila dão conta de que, com a aplicação de fertilizantes e outros
produtos, há dispersão de um pó branco pelas zonas habitacionais. Por coincidência, há um registo de
problemas respiratórios e dermatológicos que se vai agudizando.