I SÉRIE — NÚMERO 100
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Mas é preciso também olhar para os outros regimes, nomeadamente para o regime de acesso à pensão por
via do desemprego de longa duração, para o regime de acesso à pensão por via de profissões do desgaste
rápido, pois não faz sentido haver penalizações nestes dois regimes, e olhar, como aqui já foi dito, para os
trabalhadores por turnos. É uma lei que estamos, neste momento, a discutir no Parlamento e esperamos que,
no final deste processo legislativo, se possa fazer justiça aos trabalhadores por turnos.
Queria terminar referindo uma carta que nos enviaram ontem sobre uma outra dimensão, que tem a ver com
as respostas aos pedidos de pensão. Todos conhecemos muitas situações, mas nós queremos trazer este
exemplo.
Trata-se do caso de um trabalhador cuja esposa faleceu e que está há seis meses à espera da pensão de
sobrevivência da filha, com 21 anos, e também da pensão de sobrevivência dele. A Caixa Geral de
Aposentações sugeriu que fossem enviados todos os dados para o Centro Nacional de Pensões e, neste
momento, esse trabalhador enfrenta muitas dificuldades, precisamente porque tem uma penhora por causa de
um empréstimo que contraiu em função dos tratamentos da sua esposa.
Diz nessa carta: «Suponho que a contabilidade informatizada facilitará as contas e a prioridade a
dependentes poderá ser um critério para processos entrados no mesmo dia.» É precisamente para casos como
este, Sr. Ministro, que …
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, a Mesa, neste caso eu próprio, distrai-me…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, vou só demorar mais 10 segundos.
É precisamente para casos como este, Sr. Ministro, que a atribuição da pensão provisória e a fixação de
mais trabalhadores no Centro Nacional de Pensões é absolutamente urgente. Não queríamos esquecer esta
dimensão neste debate.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos, do Grupo
Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, com a intervenção do PCP avançámos no reforço
dos direitos das crianças, dos quais destacamos: a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12.º ano; a
gratuitidade dos passes escolares até aos 12 anos; o pagamento do subsídio de gravidez por riscos específicos
a 100%; e a valorização dos montantes do abono de família e do abono pré-natal.
Valorizamos cada uma destas medidas, mas não ficamos satisfeitos. Sabemos que há ainda muito para fazer
para assegurar que todas as crianças tenham o direito ao desenvolvimento integral, a um crescimento saudável
e equilibrado, à brincadeira.
Todas as crianças têm direito a serem felizes. Por isso, é preciso avançar e não andar para trás: avançar na
criação de uma rede pública de creches e na universalização do acesso à rede pública do pré-escolar para todas
as crianças a partir dos três anos; avançar nas condições das famílias para acompanhar o crescimento das
crianças, nomeadamente através do fim da desregulação dos horários de trabalho; avançar nas 35 horas
semanais para todo o setor público e privado; avançar no reforço dos direitos do trabalho por turno e noturno;
avançar na valorização dos salários; e avançar na universalização do abono de família e na valorização dos
seus montantes, em vez de se fazerem promessas eleitorais.
Porque não se avança agora com o reforço do abono de família até à sua universalização e se empurra esta
questão para a frente? Porque não se avança com a abertura de creches públicas para pôr fim aos elevados
custos que as famílias suportam com as creches? Porque não se põe fim à desregulação do horário de trabalho?
Porque não se alarga a fixação das 35 horas para que todos os pais tenham possibilidade de acompanhar o
crescimento dos seus filhos?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!