I SÉRIE — NÚMERO 100
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Não temos o direito de hipotecar o futuro das gerações vindouras.
O Sr. Rui Riso (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Portanto, vale a pena recordar a reforma de 2007, aliás, levada a cabo
pelo atual Ministro, e as duas alterações de fundo. Em primeiro lugar, a introdução do fator de sustentabilidade
como forma de reduzir e equilibrar os riscos que um evidente e progressivo envelhecimento demográfico
acarretavam para o sistema e, em segundo lugar, a alteração das regras de cálculo para a determinação do
valor da pensão, que passaram a contabilizar toda a carreira contributiva e não apenas um determinado período
final. Estavam lançadas as bases para uma reforma sustentada da segurança social, sustentabilidade essa que,
como sabemos, veio a ser posta em causa pelo anterior Governo.
Mais: não foram apenas o congelamento e os cortes das pensões, o desemprego a subir em flecha ou a
emigração que justificaram aquele desequilíbrio. Não! Foram tomadas opções políticas conscientes no sentido
de abrir caminho ao plafonamento e a sistemas privados de segurança social.
Durante dois anos consecutivos houve a necessidade de proceder a transferências extraordinárias de mais
de 2000 milhões de euros, de modo a compensar o défice das contas. Com o Governo do PS, a contrario, é o
segundo ano seguido em que não existem transferências extraordinárias, pela simples razão, Sr.as e Srs.
Deputados, que não são necessárias.
Os resultados alcançados pelo Governo do Partido Socialista devem-se à política de devolução de
rendimentos, que garantiram um aumento sustentado de mais de 20% das contribuições e cotizações, entre
2015 e 2018, alicerçado em dois fatores decisivos, o aumento do emprego e a subida dos salários.
Na governação anterior, o desemprego atingiu cerca de 18%; com o PS temos 6,8%, o desemprego jovem
desceu para menos de metade e o desemprego de longa duração cifra-se em 3,2%.
A estes fatores somam-se um combate persistente à precariedade e aos baixos salários, a dinamização —
não esquecer! — da negociação coletiva, então praticamente inexistente, e o aumento do salário mínimo
nacional, com mais de 19% em quatro anos, e do salário médio convencionado, acima dos 7%.
Houve ainda uma atualização automática anual das pensões e três atualizações extraordinárias, em 2016,
2017 e 2018, com 3,6 milhões de pensões a pagamento, quando, anteriormente, com exceção da pensão
mínima do regime geral e da pensão social, tínhamos um quadro de penúria, com todas as outras formas
congeladas pelo Governo PSD/CDS-PP.
Esta combinação virtuosa do aumento acelerado e constante do emprego, da diminuição do desemprego, da
subida dos salários, do crescimento da economia, e também do resultado de medidas de modernização e
simplificação do sistema de segurança social e a diversificação das fontes deram origem a uma transferência
histórica, de que não há memória, de mais de 3000 milhões de euros para o FEFS (Fundo de Estabilização
Financeira da Segurança Social).
O desemprego sai muito caro, não só socialmente, como fator de exclusão, mas também porque os
trabalhadores deixam de descontar para o sistema e o sistema proporciona-lhes um subsídio, resultando numa
dupla penalização para as contas públicas.
A introdução de alterações ao FEFS, garante do pagamento de futuras pensões — como já aqui foi dito —,
a criação do adicional de IMI e outros, como a consignação de parte do IRC e a diversificação das fontes,
assegura a sustentabilidade do sistema por cerca de 20 anos.
Este é o caminho que temos trilhado — com sucesso, diga-se —, um caminho privilegiado pelo PS, de
combate às desigualdades, que se baseia num princípio de que não abriremos mão: o cumprimento da
Constituição da República Portuguesa.
Todos têm direito à segurança social e compete ao Estado o dever de organizar, coordenar e subsidiar um
sistema de segurança social unificado e descentralizado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Matos Correia): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Feliciano Barreiras Duarte.