I SÉRIE — NÚMERO 100
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Portanto, a grande questão que fica para a direita é a de saber se admite, de uma vez por todas, que teve
uma política completamente errada no que toca à segurança social, que ajudou a criar os grandes problemas
que existem hoje em dia na segurança social.
Mas este debate também tem a ver com outras questões. Falámos dos atrasos que existiram no Centro
Nacional de Pensões e já hoje de manhã, em sede de comissão, tivemos oportunidade de debater este tema.
Mas, na verdade, é preciso ter uma grande desfaçatez para rasgar as vestes sobre os atrasos que têm existido,
e que têm sido colmatados, porque foram o PSD e o CDS que cortaram em quase 40% o número de funcionários
do Centro Nacional de Pensões.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Por isso, é preciso muita desfaçatez para vir aqui rasgar as vestes em relação a
um problema que claramente ajudaram a criar.
Para terminar, e sobre dignidade no trabalho e na reforma, que é importante, nem o PSD nem o CDS tiveram
uma única palavra e, sistematicamente, votam contra as propostas que a maioria nesta Assembleia da República
apresenta sobre dignidade no trabalho, na reforma e na pensão, seja o fim do corte do fator de sustentabilidade,
a reforma antecipada ou novas formas de sustentabilidade da segurança social.
Percebeu-se e percebe-se, com este debate, que a direita está do lado de quem quer privatizar, de quem
quer cortar, e os portugueses e as portuguesas não se esquecem disso.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Dou, agora, a palavra agora, para uma intervenção, ao Sr.
Deputado Luís Soares, do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Soares (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados:
Em jeito de conclusão, e felicito o Bloco de Esquerda por ter aqui trazido este tema, este debate tem, de facto,
duas virtudes. A primeira é a de relembrar que um sistema público de segurança social é uma utopia inacabada;
a segunda, também muito importante, é a de que esta utopia inacabada tem sofrido um conjunto de ataques,
desde logo por aqueles que cultivam o individualismo, em contraposição ao comunitarismo, defendendo a ideia
de que «eu trabalho, eu desconto para mim próprio, para a minha pensão e para as minhas prestações sociais».
Aplausos do PS.
É um debate que evidencia bem que o ataque que tem sido desferido tem-no sido por quem cavalga a ideia
de que a segurança social pública no futuro não será capaz de assegurar a sua própria sustentabilidade e é um
debate que evidencia bem que ainda há muitos, no conjunto da sociedade portuguesa, que defendem a
inevitabilidade acelerada do envelhecimento demográfico, a inevitabilidade da desregulação das relações
laborais e a inevitabilidade dos salários baixos, que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista tem vindo a
contrariar.
É um debate que evidencia que há um conjunto de pessoas que continua a defender a proliferação de
sistemas privados de pensões, de planos poupança-reforma e de outras opções e liberdades individuais de
escolha, as quais contribuem apenas para afundar o princípio da solidariedade intergeracional e substituir um
sistema público por um sistema privado.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Luís Soares (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, quem neste Parlamento julga que a batalha por um
sistema público de segurança social está ganha e que se pode rapidamente seguir para outras batalhas está
enganado. Basta lembrar que, entre 2012 e 2015, a estabilidade da segurança social foi fortemente afetada e
as opções políticas de PSD e CDS formaram uma tempestade perfeita: os mais jovens emigraram em massa; o