I SÉRIE — NÚMERO 100
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O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Pode ser que seja por pressão do
CDS… Nada disso me incomoda. Não é verdade, mas não interessa!
Risos do Deputado do CDS-PP António Carlos Monteiro.
Como estava a dizer, os portugueses têm hoje acesso a um simulador de pensões (aliás, a dois, um na
segurança social e outro na Caixa Geral de Aposentações), ao qual já acederam perto de 1 milhão de
trabalhadores, em 4 milhões de utilizações.
Protestos da Deputada do PSD Teresa Morais.
Nesse simulador pode conhecer-se toda a carreira contributiva, pode estimar-se a idade provável de reforma,
o valor provável da reforma e, ainda, simular alterações a uma ou outro, idade e valor, em função da previsível
evolução da carreira contributiva.
Protestos da Deputada do PSD Teresa Morais.
Pode, ainda, Sr. Deputado António Carlos Monteiro, utilizar um simulador para o certificado de reforma, que
lhe vai dizer que se poupar 2% ou 4% do seu salário e o colocar num sistema de capitalização individual público,
isso dar-lhe-á a possibilidade de, na altura da reforma, aceder a um valor que o sistema calcula e que poderá
utilizar para o reforço da sua pensão, para o levantar todo ou até para o transferir para as contas individuais dos
seus filhos.
Essas ferramentas existem e são fundamentais para o futuro do sistema.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos, então, à fase de encerramento.
A primeira intervenção cabe ao partido interpelante e, em seu nome, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, Srs. Secretários de
Estado: Em primeiro lugar, queria agradecer ao Sr. Ministro o facto de estar hoje, aqui, neste debate. Sei que
passar tanto tempo no Parlamento, de manhã à noite, não é habitual para os membros do Governo.
Mas este debate foi importante e oportuno, porque permitiu, em primeiro lugar, perceber que a direita
portuguesa, PSD e CDS, ainda está agarrada a um paradigma do passado que ataca a segurança social e aquilo
que ela significa de solidariedade entre gerações e de segurança para as pessoas e, em segundo lugar, que, se
há discussões, debates e ideias em disputa, mas soluções em cima da mesa, é do lado dos partidos que, desde
2015, mudaram a política no que toca à segurança social. Isto é relevante.
Falar de sustentabilidade da segurança social envolve dois aspetos diferentes, e os dois são essenciais.
Um primeiro aspeto tem a ver com as contas no presente. Nós percebemos que quando o PSD e o CDS
falavam da insustentabilidade da segurança social era, por um lado, para tentarem esconder o desastre que era
a sua política no trabalho, nos salários e na salvaguarda dos interesses futuros dos trabalhadores, das suas
pensões, e como o desemprego levava recursos da segurança social e não os deixava para o futuro, e, por outro
lado, como uma estratégia política para atacar a segurança social e pretender a sua privatização. E nós não nos
esquecemos disso, porque eles diziam que a segurança social era insustentável para justificarem o corte de 600
milhões de euros diretamente em pensões, o corte nos apoios sociais, mais desigualdades e menos apoio na
pobreza.
Mas também tinham a intenção de privatizar, de abrir a segurança social aos privados e garantir que existisse
uma segurança social para pobres, caritativa, e um sistema privado que beneficiasse dos rendimentos dos mais
favorecidos da nossa sociedade.