27 DE JUNHO DE 2019
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O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Para o CDS, a transparência é também fundamental para que,
tendo os cidadãos mais informação, possam saber qual é a sua expectativa, quer quanto à idade em que se
podem reformar, quer quanto ao valor da pensão que podem esperar.
O CDS, aliás, apresentou propostas sobre esta questão, e a verdade é que a esquerda, toda ela, rejeitou
esse debate.
É certo que o Governo, a reboque das exigências de transparência do CDS, fez um simulador de pensões.
Mas não alcança todos os objetivos pretendidos pelo CDS.
O Sr. Luís Soares (PS): — Isto, de facto, é fantástico!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — É que informar os futuros pensionistas sobre as modalidades
que têm ao seu dispor, em termos de pensões e poupança, é, para o CDS, fundamental.
O CDS defende, por isso, um sistema previdencial público, de repartição, um sistema complementar, que
compreenda um regime público de capitalização, e um regime de iniciativa coletiva individual.
Este pilar de repartição, financiado com as contribuições dos trabalhadores no ativo, financiaria as pensões
atuais.
O CDS defende que o pilar de capitalização seja um pilar em que o trabalhador acumula para si mesmo, e
esse fundo, alimentado com as contribuições individuais, poderá acrescer à sua pensão, em prestações no
futuro.
O CDS entende que é fundamental haver um sistema de informação para a reforma, com contas individuais
virtuais, que transmita a cada pensionista a informação sobre a pensão que pode esperar; uma carta, anual, que
permita saber qual é a pensão projetada; e uma informação relativamente ao que poderá ser o seu suplemento
de reforma, com benefícios fiscais.
A verdade é que a esquerda se recusa, sempre, a fazer este debate. Prefere enterrar a cabeça na areia. E
um verdadeiro debate sobre a sustentabilidade da segurança social é fundamental para que seja possível chegar
aos consensos que é necessário alcançar para que esta questão seja tratada olhando o futuro com uma outra
esperança, para todas as gerações mais novas.
Infelizmente, isso não tem sido possível. Esperemos que no futuro, e cá estaremos, esse debate se faça.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel
Pires, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado:
Praticamente no final deste debate importa perceber exatamente o que é que estivemos aqui a debater, e
parece-nos que a direita não conseguiu perceber o que está em cima da mesa. É que quando falamos de
sustentabilidade da segurança social não falamos, com certeza, da mesma coisa que PSD e CDS falam. Eles,
quando falam de sustentabilidade da segurança social, falam em cortes nas pensões e em cortes nas reformas.
Aliás, sempre foi assim, e durante os quatro anos de governação PSD/CDS foram exímios nessa matéria.
Primeiro, tentam criar a narrativa de que não há dinheiro, há uma desgraça, vem aí o diabo ou outras coisas
semelhantes. E não esquecemos quando diziam permanentemente a todo o País que não havia dinheiro para
pagar salários, não havia dinheiro para pagar pensões nem reformas. A partir desta narrativa, justificaram, assim,
os cortes que fizeram, e foram cortes absolutamente cegos sobre aqueles que mais necessitavam no nosso
País.
Sim, recordamos que enviaram a proposta de corte de 600 milhões de euros nas pensões para o Tribunal
Constitucional e, disso, ninguém se vai esquecer, nenhum pensionista se vai esquecer. Depois de justificarem
os cortes, vinham com a justificação para o caminho da privatização, que, na verdade, sempre foi o grande
objetivo da direita no nosso País — a privatização de um sistema como o que existe atualmente, público,
nacional, relativamente às reformas e pensões —, ainda é, e notou-se hoje, muito bem, aquilo que anseiam para
o futuro.