29 DE JUNHO DE 2019
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, quero colocar-lhe duas questões que têm a ver
com uma dimensão da política de ciência que é decisiva também para a coesão regional e para a coesão
territorial do nosso País.
A primeira delas é para saber se o Governo apoia, ou não, o projeto do centro MED (Instituto para a
Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento no Mediterrâneo), que é um projeto de criação de um Laboratório
Associado que envolve várias entidades de três instituições de ensino superior. No caso da Universidade de
Évora, o Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) e o polo de Évora do Centro de
Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio). No caso do Instituo Politécnico de Beja, o Centro
de Biotecnologia Agrícola e Alimentar do Alentejo (CEBAL). E, no caso da Universidade do Algarve, o Centro
para os Recursos Biológicos e Alimentos Mediterrânicos (MeditBio).
O projeto já foi candidatado à FCT — naturalmente, precisa dessa avaliação —, mas queríamos saber qual
é a apreciação que o Governo faz, para perceber se há, de facto, ou não, apoio do Governo a esta iniciativa,
considerando que será a única unidade de investigação, na integração entre a agricultura, a alimentação, o
desenvolvimento rural e o ambiente, a existir no sul do País e que isso é naturalmente um contributo importante
para que, do ponto de vista da política de ciência, possa haver também um contributo para a coesão regional e
territorial.
A outra questão, Sr. Ministro, também tem a ver com isto, mas tem ainda a ver com um problema mais grave.
É o problema de um assalto, que está e curso, às verbas do Alentejo 2020, pela mão da FCT. Estou a referir-
me, no Eixo Prioritário 2 — Ensino e Qualificação do Capital Humano —, à Prioridade de Investimento 10.2, em
que há 30 milhões de euros de verbas previstas no Alentejo 2020 para projetos desenvolvidos no quadro da
região destinados a doutoramentos a serem realizados na região, de acordo com a Estratégia Regional de
Especialização Inteligente e que a FCT está agora a procurar desviar para utilizar pelo País todo, em função da
Estratégia Nacional de Especialização Inteligente, retirando, portanto, ao Alentejo 30 milhões de euros, que
deviam ser canalizados para o investimento que aí tem de ser feito.
E, Sr. Ministro, no aviso, isso é muito evidente, porque a substituição das referências às estratégias regionais
pela estratégia nacional, a eliminação, como beneficiários, de todos aqueles que constavam, com exceção da
FCT, eliminando as instituições de ensino superior, a DGES, os estudantes do ensino superior, os centros de
I&D, as universidades em parcerias com empresas, tudo isso desaparece e fica apenas como beneficiário a
FCT.
Sr. Ministro, isto é um assalto às verbas do Alentejo 2020! Isto é exatamente o contrário daquilo que tem de
ser feito da utilização dos fundos comunitários, para a promoção da coesão regional e territorial e para o apoio
do investimento no ensino superior e na ciência, em particular em zonas do interior do País. E queria saber se
isto tem ou não o acordo do Governo, se tem ou não o acordo do Ministério. E, se não tem o acordo do Ministério,
que medidas é que o Sr. Ministro vai tomar para impedir que este assalto possa ser consumado?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João
Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, passo a pedir-lhe esclarecimentos a respeito da
matéria de investigação dos institutos do Estado vocacionados para esse efeito. Quero, portanto, questioná-lo,
Sr. Ministro, relativamente a dois institutos públicos, o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) e o
INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária). E peço-lhe que não se justifique dizendo que
não são da sua competência, porquanto são institutos onde a definição das suas orientações estratégicas bem
como o acompanhamento da sua execução são articulados entre os membros do Governo responsáveis, mas
também articulados com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
No que respeita ao IPMA, este Instituto concentra a sua investigação, essencialmente, na busca de
informação em regime de serviço público. Certamente terá conhecimento de que o IPMA assume a
responsabilidade de obter fundamentação científica sobre o espaço marítimo nacional. Entre muitas áreas,