I SÉRIE — NÚMERO 102
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infraestruturas científicas e tecnológicas e, até por isso mesmo, estranhamos a falta de presença do Sr. Ministro
da Economia nesta sessão.
Esta é uma matéria decisiva para o País. Estivemos quatro anos sem projetos — quatro anos totalmente
perdidos —, quatro anos sem execução de projetos nas áreas de infraestruturas científicas e tecnológicas,
quatro anos sem execução de investimentos em incubadoras de base tecnológica, quatro anos sem
investimentos em ninhos e em viveiros de empresas, quatro anos sem execução nos parques de ciência e
tecnologia, quatro anos sem execução em redes de transferência de tecnologia, quatro anos sem execução em
centros de negócios e em áreas de acolhimento empresarial, quatro anos desastrosos para os investimentos
em áreas científicas e tecnológicas.
Sr. Ministro, o que é que falhou? Quais são as suas desculpas? Foi falta de dinheiro?! Não! Não existem
fundos comunitários especificamente para esta matéria, financiados a 85%, a subsídios não reembolsáveis,
vulgarmente chamados de fundo perdido?! Existem, na verdade.
Então, o que é que se passou, Sr. Ministro? Terá sido incompetência do Governo? Só pode ter sido, porque
não há outra justificação. Quase quatro anos para fazer os mapeamentos das referidas infraestruturas! É mau
demais para ser verdade!
O anterior Governo, liderado pelo PSD, desenvolveu claramente as infraestruturas científicas e tecnológicas
em todo o País. Foi essa dinâmica e energia positiva que permitiu apoiar investimentos na área tecnológica, de
que são exemplos: parques de ciência e tecnologia, incubadoras de base tecnológica, centros de negócios, etc.
A expetativa que se tinha era a de que este Governo pudesse acrescentar algo nessa dinâmica! Mas não, nestes
últimos quatro anos, os investimentos em infraestruturas científicas e tecnológicas não existiram. A taxa de
execução no Portugal 2020 e nos programas operacionais regionais é de zero nesta matéria. Repito: é de zero!
Sr. Ministro, afinal, onde estão esses financiamentos? Quais são as desculpas? As iniciativas a financiar
deveriam privilegiar a incorporação de recursos humanos qualificados e incidir, preferencialmente, nos domínios
identificados nas estratégias regionais e na Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma
Especialização Inteligente (ENEI), e isso não foi feito. Deveria estar garantido a ecossistemas empresariais
favoráveis o surgimento de novas oportunidades de negócio e de novos investimentos, o que também não foi
feito, Sr. Ministro. Onde é que estão esses investimentos?
Estes novos investimentos deveriam contribuir para alterar o perfil produtivo regional e nacional, através de
uma incorporação consistente e integrada do fomento do empreendedorismo. Também não foi assim, Sr.
Ministro. O que é que falhou?
Estes atrasos e esta falta de investimento estão a colocar em causa a possibilidade da criação da melhoria
e expansão de infraestruturas científicas e tecnológicas, inibindo muitos projetos empresariais emergentes que
se possam instalar.
Sr. Presidente, o Governo liderado pelo PSD deixou bem preparado um conjunto de intervenções em centros
de excelência no interior.
O Sr. João Oliveira (PCP): — À farta!…
O Sr. António Costa Silva (PSD): — O centro de excelência da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro) avançou. Mas o que é que se passa com Évora? O que é que passa com a Beira Interior? Não se
aproveitou nada, não se avançou com nada. Nem um se aproveitou, Sr. Ministro!
Mais: o Grupo Parlamentar do PSD propôs que, nos Politécnicos do interior, também se criassem centros de
excelência, e o Sr. Ministro também não aproveitou esta oportunidade que foi aprovada na Assembleia da
República. Portanto, estivemos quatro anos a marcar passo, quatro anos sem capacidade de mudar, ou de
ajudar a mudar, o perfil produtivo do País. Foram quatro anos de fantasia e mais nada, apenas isso.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, inscreveu-se o Sr. Deputado Carlos
Pereira, do Partido Socialista, a quem dou a palavra.