I SÉRIE — NÚMERO 102
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O Governo sabia que o conteúdo desta iniciativa já tinha sido rejeitado por este Parlamento em 2017, mas
publicou-o. E, 45 anos depois do 25 de Abril, volta a ser o PCP a defender os pequenos e médios proprietários,
pondo-os a salvo da gula da concentração fundiária, apadrinhada, desta vez, pelo Governo do PS.
Protestos do PS.
O Código Civil já estabelece que o que não tem dono é propriedade do Estado, que, no caso de encontrar
algo nestas condições, deve solicitar ao tribunal que o declare.
Facilitar este processo, transformando-o num mero registo administrativo, só pode indicar a avidez para
apanhar terras de idosos e emigrantes que não sejam capazes de proceder ao seu registo.
Protestos do PS.
Perguntar-se-á: como é que se chegou aqui? Por um lado, porque o Governo do PS, que desenvolve uma
cruzada contra os pequenos proprietários, resolveu associar este decreto-lei a um processo que não é o cadastro
e que põe em causa o futuro e a segurança jurídica no registo de propriedades, procurando um «bode expiatório»
que possa encobrir as opções de sucessivos Governos PS, PSD e CDS, e que estão na origem dos brutais
incêndios de 2017.
Por outro lado, porque o PSD, como catavento ao serviço das jogadas do PS, deu, novamente, o dito por
não dito e votou contra, em comissão, precisamente ao contrário do que tinha votado no grupo de trabalho. PS
e PSD, sempre juntos, quando se trata de atacar os mais pequenos!…
Protestos do PSD e do PS.
Durante a discussão na especialidade o PS afirmou que, com a suspensão do decreto-lei, a proposta de lei
do Governo perdia toda a sua eficácia. Há de estar alguém à espera de toda essa eficácia!
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Dias (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.
Estão, com certeza, os grandes interesses, à espera de ficar com a terra dos pequenos proprietários. Não o
farão com o voto do PCP!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos, agora, votar o requerimento.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, a Mesa regista o pedido de palavra por parte do PSD, do PS e do BE, sendo que, para esse
efeito, a Mesa concede 2 minutos a cada grupo parlamentar.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Costa Silva, do PSD.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, era só o que faltava ouvir o PCP colocar em questão
aquele que é o entendimento do PSD sobre a propriedade privada! Era só o que faltava!
Aplausos do PSD.
Era só o que faltava um Deputado comunista do Alentejo, que sabe bem o que são as ocupações de terras,
vir falar sobre propriedade privada. Era só o que faltava! Era só o que faltava!
Aplausos do PSD.