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I SÉRIE — NÚMERO 103

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processo começou mal, nasceu torto e não sei se nunca se endireitará, mas, pelo menos até agora, não se

endireitou.

Neste quadro de preocupação, de situações cada vez menos claras, em que as preocupações surgem, desde

logo, naquilo que o Sr. Deputado mencionou em relação à proposta de definição de âmbito, no quadro do

processo de avaliação de impacte ambiental, o que se questiona é que há uma resposta e uma atitude por parte

do poder central, desde logo junto das populações de toda aquela região do nosso País — a saber, nos

concelhos de Boticas e Montalegre —, que não teve, da parte do Governo, o acompanhamento, o conhecimento,

a transparência e a informação clara sobre aquilo que deveria estar em cima da mesa em todo este processo.

O PCP, desde o início, acompanhou com atenção e preocupação este processo. E não só dirigiu

requerimentos e perguntas escritas ao Governo como desencadeou, por proposta sua, a visita da comissão

parlamentar ao terreno, contactando com as populações e com as entidades locais responsáveis por este

processo junto do poder central e dos vários organismos. Fizemos, por parte da Assembleia, aquilo que o

Governo deveria ter feito no início.

Foi, de facto, importante o trabalho que a Assembleia desenvolveu, com a proposta que teve concretização

em março deste ano, mas que se coloca neste quadro com esta matéria: é que nós sempre defendemos que o

País deve conhecer os recursos de que dispõe e não deve abdicar desses recursos, colocando-os ao serviço

do desenvolvimento e dos interesses nacionais, ao serviço do povo e do País.

O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.

Mas a questão central — e com isto termino, Sr. Presidente — é que o Estado, nomeadamente o Governo,

está a delegar no poder económico dos grupos multinacionais, que estão a conduzir os próprios processos de

prospeção e pesquisa o conhecimento e a informação estratégica que o Estado deveria ter e deveria garantir.

Também sobre esse aspeto, Sr. Deputado, há uma preocupação, pelo que gostaria de o ouvir sobre isso.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Liliana Silva, do

Grupo Parlamentar do PSD.

A Sr.ª Liliana Silva (PSD): — Sr. Presidente, ouvimos falar hoje, novamente, da questão do lítio, um assunto

que está na boca de centenas de pessoas, na cabeça de milhares e na mesa de decisão do Sr. Secretário de

Estado da Energia, João Galamba. A decisão final, conforme a Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, refere, pertence-

lhe. E já vimos todos que, apesar do tumulto social que está criado, ainda não houve da parte do Governo uma

atitude de transparência total nesta matéria, dizendo claramente às pessoas ao que vai e o que pretende dos

seus territórios.

Já dissemos, por diversas vezes, que não pomos em causa a importância do lítio. O mesmo é essencial, por

exemplo, para a indústria farmacêutica. O que questionamos é a forma como o Governo, às escondidas da

população, preparou um megaplano de exploração do lítio em territórios, desrespeitando as classificações já

vigentes e a população. O que questionamos é a legitimidade de um Governo lançar vídeos promocionais no

estrangeiro, declarando que põe Portugal à venda, desrespeitando qualquer acautelamento de serenidade social

e de valorização territorial.

O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado!

A Sr.ª Liliana Silva (PSD): — Acha bem que o Governo promova esta massificação da exploração, sem

perguntar à população a sua opinião e sem ter a real noção do impacte ambiental que estas decisões terão no

seu território?

Veja-se o caso de Barroso, Património Agrícola Mundial, classificado pela Unesco. Acham bem que se utilize

as enormidades de áreas definidas, pondo em causa esta classificação?