3 DE JULHO DE 2019
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A tarefa não é fácil, num tempo em que fenómenos de falta de transparência ou corrupção estão na ordem
do dia e em que o escrutínio dos Deputados é feito à lupa.
Os Deputados têm o dever de saber distinguir o trigo do joio e, sem abandonar a luta por uma sociedade
livre, justa e equitativa, o combate contra a corrupção não deve enveredar por caminhos do politicamente correto
nem da demagogia, que em nada contribuem para a qualidade da democracia e das instituições que todos
defendemos.
Desde sempre pugnei por um Parlamento aberto ao cidadão. Dediquei, de resto, uma parte significativa da
atividade parlamentar a receber e acompanhar grupos de cidadãos e jovens em idade escolar, que nos visitam
com frequência. Considero que o Parlamento deu passos positivos nesse sentido, como a criação da Divisão
Museológica e para a Cidadania, mas pode e deve dar outros, por forma a tornar a Assembleia da República
mais aberta e acessível a quem a visita.
Deixo um exemplo: o custo das refeições no refeitório para os visitantes era de 7,30 €, superior ao preço que
pagavam os Deputados e os funcionários. Esta situação não era nem justa nem aceitável e contribuía para
degradar a imagem da Assembleia. Atualmente, as crianças e todos os que nos visitam pagam por essa refeição
apenas 5,80 €, custo para o qual tive a honra de dar o meu contributo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, permitam-me que vá mais longe: para o futuro Parlamento, deixo para
ponderação que, às crianças até ao 12.º ano de escolaridade que nos visitarem, integradas em viagens
escolares, a refeição seja oferecida pela Assembleia da República, como acontece já noutros parlamentos e no
próprio Parlamento Europeu, que oferece as refeições aos grupos de visitantes.
Investir na cidadania e nas nossas crianças é investir no nosso futuro coletivo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Representei o meu País no Parlamento com honra e muito orgulho.
Procurei sempre fazê-lo com seriedade e sentido de justiça.
Nas diversas comissões onde tive oportunidade de participar — desde a de Trabalho e Segurança Social, à
do Poder Local, à da Saúde, à da Agricultura e Mar e, mais recentemente, à de Economia, Inovação e Obras
Públicas — procurei sempre exercer as funções para que era solicitado a pensar nas pessoas e na melhor forma
de as servir.
Procurei sempre dar relevo às políticas de proximidade, no respeito profundo que os cidadãos que nos
elegeram me merecem, dando uma especial atenção às pessoas do Porto, o meu círculo eleitoral, onde nasci,
cresci e me tornei o cidadão que sou.
Como exemplo, tive o gosto de transformar uma ideia que tinha antes de ser Deputado numa realidade. Com
o apoio da Federação Distrital do Porto, liderada por Renato Sampaio, e do Grupo Parlamentar do PS, liderado
por Alberto Martins, criei no Porto um gabinete de atendimento ao cidadão. Este gabinete teve uma importância
extraordinária na aproximação do eleito ao eleitor.
A política tem de ser encarada como uma atividade nobre ao serviço dos cidadãos. Daí que encare como
nosso dever ter a disponibilidade para ouvir, assumir as suas preocupações e necessidades e trazê-las a esta
Casa, aos diversos organismos do Estado, ao Governo.
O Deputado, pela natureza da sua eleição, é o interlocutor e o representante por excelência do povo e dos
seus problemas perante o Governo e a Assembleia da República.
Não é por isso de estranhar que não me tenha cansado de questionar os membros dos diferentes Governos,
nas comissões por onde passei e neste Plenário, sempre que me foi dada oportunidade, privilegiando as
questões relacionadas com os eleitores do meu círculo eleitoral.
Foram inúmeras as vezes que me dirigi a Ministros e Secretários de Estado, sob a forma de perguntas e
requerimentos ao Governo, para lhes colocar problemas bem conhecidos de todos, desde questões ligadas à
educação, ao IC35, à variante da EN14, entre Maia-Trofa-Famalicão, à ligação Baião-Ponte da Ermida, à
variante à EN211, entre Soalhães-Mesquinhata-Cinfães, à eletrificação do troço Caíde-Marco, na Linha do
Douro, e a continuação até à Régua, como à degradação da EMEF e da CP, ao encerramento das oficinas de
Guifões, em Matosinhos, à Ala Pediátrica do Hospital de São João, só para falar de alguns mais recentes.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A responsabilidade de transformar a realidade para melhorar a vida
dos nossos concidadãos é de todos nós. Saio desta Assembleia com as preocupações com que diariamente
nos deparamos, como a ameaça do terrorismo, as alterações climáticas, os refugiados, a fome e a pobreza que
assolam o mundo.