3 DE JULHO DE 2019
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foram Deputados durante longos anos e, ao longo desses anos, provaram à saciedade a sua dedicação à causa
pública, dentro do Parlamento e fora dele.
Por isso, sei que, ainda que não tenha mandato para isso, falo em nome do Parlamento quando digo a ambos
que o Parlamento lhes está grato por aquilo que fizeram no exercício dessas funções.
Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP
Sei também que falo em nome do Parlamento ao dizer que todos desejamos não só que a vossa futura vida,
profissional e pessoal, seja evidentemente cheia, preenchida e ao nível daquilo que merecem, mas também que
esta saída do Parlamento não signifique o abandono da vida política e o abandono da causa pública que, até
agora, serviram durante tantos anos e com tanto empenho.
Passamos, então, ao segundo ponto da nossa ordem de trabalhos, com a apreciação da Petição n.º
438/XIII/3.ª (André Lourenço e Silva e outros) — Criação de legislação para proibir as corridas de galgos em
Portugal, juntamente com os Projetos de Lei n.os 1095/XIII/4.ª (PAN) — Determina a proibição das corridas de
cães, mais conhecidas por corridas de galgos, e 1225/XIII/4.ª (BE) — Interdita as corridas de galgos e outros
cães.
Para apresentar a sua iniciativa legislativa, tem a palavra, em nome do PAN, o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. AndréSilva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Apesar do reconhecimento de um novo
estatuto para os animais em geral, e de proteção penal para os cães em particular, tem-se verificado que
continuam a aparecer ou a persistir atividades, como a corrida de galgos, que perpetuam a exploração dos
animais, que os sujeitam a treinos particularmente difíceis, que os sujeitam ao abandono e a condições de vida
indignas.
As corridas de galgos são um desporto organizado e competitivo em que os cães são colocados numa pista
e ao som da partida são libertos, vencendo aquele que for mais veloz. Em princípio, parece uma atividade inócua,
mas não o é de todo. As motivações dos seus organizadores são puramente lucrativas, desconsiderando
totalmente o bem-estar dos animais utilizados. Estes são sujeitos a treinos violentos, são utilizadas coleiras
eletrificadas, por exemplo, e, para as corridas em si, é normal o recurso a doping. Também é comum o recurso
a esteroides para que se verifique aumento de massa muscular e mais energia durante as corridas.
Quando os animais já não suportam mais as corridas ou não são suficientemente bons devido às mazelas
provocadas pelas brutalidades da atividade, são muitas vezes abandonados ou mortos.
Tudo isso para divertimento de alguns, felizmente poucos. E nem sequer têm a desculpa esfarrapada da
tradição.
Termino, agradecendo a todas e a todos os que têm resgatado, recuperado e cuidado de galgos que foram
descartados e a quem, como a SOS Animal, tem dado a voz à denúncia firme desta futilidade envolta de
sofrimento.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar a sua iniciativa legislativa, tem a palavra, em
nome do Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Maria Manuel Rola.
A Sr.ª MariaManuelRola (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de começar por agradecer
aos 4586 peticionários o facto de trazerem esta questão à Assembleia da República.
As corridas de galgos em Portugal são uma imitação fajuta das corridas de galgos de indústrias
internacionais, como as promovidas na Irlanda ou nos Estados Unidos. Este negócio vale milhares de dólares,
ou de euros, e sobrevive à conta de maltratar animais, seja na criação, no treino ou também na morte ou
abandono destes animais. Cada animal pode custar 30 mil euros — o que equivale a um carro de gama média
— e muitos são comprados a criadores na Irlanda, embora também existam cerca de duas dezenas de criadores
em Portugal.
Existem relatos de confinamento excessivo, de doping, de apostas ilegais, de corridas sem licenciamento e
de animais que são abandonados à nascença, quando se magoam, o que é também frequente, ou quando
deixam de poder correr, por desgaste. Existem corridas que, apesar do calor que se verifica no verão, se
realizam em julho e agosto, mas que recentemente foram contestadas a norte, em Vila do Conde e em Gueifães.