I SÉRIE — NÚMERO 103
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A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — … ignora até os peticionários que trazem esta iniciativa. Falamos de cerca
de 4500 pessoas, e não estou a falar de mim nem do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda. O Deputado
André Silva faz parte dos peticionários, mas há um conjunto vasto de população que levanta esta questão e que
o fez durante a última semana, acerca das corridas que têm vindo a ser realizadas no Porto. Falam também das
questões da fiscalização, nomeadamente em Famalicão, que era um concelho onde não havia conhecimento
de estas corridas estarem a ser levadas a cabo.
Quando o Sr. Deputado Nuno Serra levanta as questões do desfasamento relativamente ao mundo real,
questiono-me sobre quando é que levantará a questão da depressiva urbana que come alface! De facto, só falta
trazer para aqui essa argumentação, que é pouco séria, quando estamos a discutir conflito de interesses
relativamente ao bem-estar animal e à forma como nos comportamos em relação ao respeito pelos animais.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — O que gostaria de questionar é o seguinte: querem, ou não, combater o
abandono e os maus tratos aos animais?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos ao ponto três da ordem do dia, com a apreciação
da Petição n.º 520/XIII/3.ª (Filipe Nuno Gouveia Ferreira e outros) — Solicitam que Portugal assine e ratifique o
Tratado de Proibição das Armas Nucleares, juntamente com os Projetos de Resolução n.os 1081/XIII/3.ª (PCP)
— Recomenda ao Governo que submeta à aprovação da Assembleia da República, para ratificação, o Tratado
de Proibição das Armas Nucleares, adotado pela Organização das Nações Unidas, em 7 de julho de 2017,
1864/XIII/4.ª (Os Verdes) — Recomenda ao Governo que crie as condições para a ratificação do Tratado de
Proibição das Armas Nucleares, 1954/XIII/4.ª (BE) — Recomenda ao Governo a assinatura e ratificação do
Tratado de Proibição das Armas Nucleares e 1958/XIII/4.ª (PAN) — Recomenda ao Governo que ratifique o
Tratado de Proibição das Armas Nucleares.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado António Filipe, do Partido Comunista Português.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queríamos, em primeiro lugar, saudar os
subscritores desta petição e dizer que, pela parte do Grupo Parlamentar do PCP, correspondemos inteiramente
àquela que é a sua pretensão. Pensamos que a ratificação, por Portugal, desta convenção das Nações Unidas
é da maior importância, até por imperativo constitucional, na medida em que o artigo 7.º da nossa Constituição,
relativo ao posicionamento de Portugal em questões de política externa, designadamente da manutenção da
paz, deve levar-nos a estar na primeira linha quanto à ratificação de iniciativas como esta, que visam a
preservação da paz mundial. Efetivamente, a proliferação nuclear é uma das questões essenciais, uma ameaça
fundamental à paz no nosso planeta e entendemos que esta expressiva tomada de posição das Nações Unidas
pela dissuasão nuclear e pela eliminação das armas nucleares à escala global é algo que deve merecer todo o
apoio da humanidade. Do ponto de vista do Estado português, entendemos que deve merecer uma posição
inequívoca a esse respeito.
Pensamos que o projeto de resolução apresentado pelo PCP, no sentido de recomendar ao Governo
português que submeta a esta Assembleia o procedimento relativo à ratificação do referido tratado internacional,
corresponde a uma necessidade e daí propormos que esta tomada de posição da Assembleia da República seja
o ponto de partida para a concretização deste procedimento.
É este o motivo da nossa iniciativa: corresponder a esta petição, considerar que ela é da maior justeza e que
corresponde a um imperativo, não só para Portugal mas para todos os países. Pensamos que o nosso País
deve dar o exemplo e que esta iniciativa, aprovada nas Nações Unidas com uma mais do que expressiva maioria
em 2017, tenha, dois anos passados, concretização em Portugal. Pensamos que isso já deveria ter sido feito.
Contudo, não se deve perder tempo e pensamos que seria exequível, no mais curto prazo possível, que o
Governo português submetesse a esta Assembleia o processo de aprovação para ratificação.
A nossa proposta é a de que a Assembleia da República tome essa posição para que o Governo português
seja instado a assumir a sua responsabilidade de submeter a questão à Assembleia da República, para além da