3 DE JULHO DE 2019
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tomada de posição que agora propomos, no sentido de que esse processo de ratificação se conclua com toda
a celeridade possível.
É esse, efetivamente, o objetivo do projeto de resolução que o PCP prontamente apresentou.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome o Partido Ecologista «Os
Verdes», tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As armas nucleares são
uma enorme e grave ameaça sobre a humanidade e a sua utilização poderá trazer consequências catastróficas
e irreversíveis, provocando a morte e a destruição generalizada e libertando radiação com efeitos duradouros e
nefastos que deixarão sequelas ao longo de muitas décadas.
Ora, perante o horror de uma catástrofe desta natureza, impõe-se, com urgência, eliminar definitivamente as
armas nucleares, porque esta é a única maneira de assegurar que não serão usadas e é nesse sentido que
deve ser aprofundada a convergência de vontades na ação por um mundo de paz. De facto, o perigo da utilização
deste armamento, associado à tensão e às graves ameaças à paz e à segurança que têm marcado a situação
internacional, torna ainda mais urgente exigir o fim das armas nucleares, porque só assim será possível garantir
a paz e a segurança.
Por isso mesmo, a 7 de julho de 2017, foi aprovado na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações
Unidas) o Tratado de Proibição das Armas Nucleares, para negociar um instrumento legalmente vinculativo que
proíba as armas nucleares, levando à sua eliminação total. Este objetivo é partilhado por mais de 120 Estados,
que se comprometeram a não desenvolver, adquirir, armazenar, usar ou ameaçar usar armas atómicas, dando
assim expressão à aspiração dos povos por um mundo livre de armas nucleares.
Sucede que, até ao dia de hoje, o Estado português ainda não ratificou o Tratado de Proibição das Armas
Nucleares, apesar de, como membro da ONU e em respeito pela nossa Constituição, dever posicionar-se em
defesa da paz e pugnar pela eliminação das armas nucleares. Como sabemos, a utilização, mesmo que de uma
pequena fração, das armas nucleares existentes representaria uma ameaça grave sobre todas as formas de
vida, pelo que o desarmamento nuclear se impõe como uma questão essencial para salvaguardar a
solidariedade, a paz, a segurança e a sobrevivência da humanidade e de todos os seres vivos, devendo este
ser um objetivo prioritário dos Estados e um esforço de todos nós.
Neste contexto, Os Verdes reafirmam a urgência da eliminação destas armas e a sua não proliferação, sendo
absolutamente fundamental que o Estado português assine e ratifique este Tratado, respeitando o princípio
constitucional que estabelece o «desarmamento geral, simultâneo e controlado», conforme determina o artigo
7.º da Constituição da República Portuguesa.
Com esse propósito, mas também procurando ir ao encontro dos objetivos dos milhares de cidadãos que
subscreveram a petição que esteve na origem deste agendamento — e que, em nome de Os Verdes, aproveito
para saudar —, propomos que a Assembleia da República recomende ao Governo que proceda à assinatura do
Tratado de Proibição das Armas Nucleares, adotado pela Organização das Nações Unidas, e que crie as
condições necessárias para a sua ratificação.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Vamos prosseguir com a intervenção do Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares, do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, queria cumprimentar os peticionários
e, em particular, o Conselho Português para a Paz e Cooperação, porque nos permitiu ter este momento para
debatermos algo fundamental não só para o País, mas para o mundo.
Diz a nossa Constituição que defendemos, enquanto País, o «desarmamento geral, simultâneo e
controlado». Por isso, quando a Organização das Nações Unidas promove, a nível internacional, um tratado