I SÉRIE — NÚMERO 103
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Orçamento do Estado, através do voto favorável do PCP, aprovou um programa de reutilização. Já então sabia
— aliás, como disse — que no 1.º ciclo esse programa tinha seríssimas dificuldades em ser aplicado, desde
logo porque a própria lei diz que os manuais podem ser de escrita ou de recorte, o que torna a reutilização
bastante difícil, e desde logo, também, porque no secundário, por causa dos anos de exame, também não é
possível que haja reutilização. Dou-lhe um exemplo, Sr.ª Deputada: no 10.º ano, em sete disciplinas só dois
manuais podem ser entregues; os outros cinco não podem ser reutilizados.
Também conviria que a Sr.ª Deputada, quando aprova um Orçamento do Estado, perceba o que está a
aprovar em termos orçamentais e financeiros, porque no Orçamento do Estado para este ano aprovou uma
verba que fica muito aquém dos 150 milhões de euros que o Sr. Deputado Porfírio Silva diz serem necessários.
Portanto, dado que aprovou o Orçamento do Estado, gostaria de relembrar-lhe que é da sua responsabilidade
excluir os alunos do ensino privado, não ter verbas para pagar um programa que vai entrar em vigor em setembro
e haver uma quantidade de manuais que não vão ser reutilizáveis, o que é, desde logo, e à cabeça, um facto
conhecido.
Sr.ª Deputada, o CDS tem defendido sempre um programa de atribuição de manuais escolares com condição
de recursos que pode ser alargada. A reutilização já existia e poderá, com certeza, continuar a existir — nada
contra, tudo a favor. Funcionava informalmente e até descentralizadamente, junto das autarquias, o que nos
parece muito bem.
Pertencendo a um partido que ao mesmo tempo que defende este programa também insiste que deve haver
a promoção do digital, o que lhe pergunto, Sr.ª Deputada, é se não lhe pareceria mais avisado que estes 150
milhões de euros ou aquilo que sobra deles, depois de aplicada uma condição de recursos, fossem usados,
finalmente, para o investimento no digital, esse, sim, promotor da tal reciclagem de que tanto fala o Sr. Secretário
de Estado, em vez de estarmos a pagar manuais escolares a quem, decididamente, não precisa e pode pagá-
los sem nenhum problema.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do Grupo Parlamentar
do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, começo por agradecer as questões que me foram colocadas
pelo Sr. Deputado Porfírio Silva e pela Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
Vamos recentrar esta declaração política do PCP: ela centra-se — e é pena que ninguém se tenha
preocupado em questionar isso mesmo — nos problemas práticos de aplicação da medida da gratuidade dos
manuais escolares.
Não dissemos que era o Governo do PS que estava a sabotar…
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Disseram, disseram!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Se ouviu atentamente aquilo que dissemos é que está em curso uma ação
de sabotagem. E, Sr. Deputado Porfírio Silva, se, de facto, o Partido Socialista e o Governo não concordam com
os problemas que estão a acontecer nas escolas e agrupamentos em relação a esta matéria, é simples, Sr.
Deputado: tomem medidas e resolvam o problema!
O Sr. JoãoOliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — É isso que aqui está em causa! É que não há, até ao momento, conhecimento
de medidas por parte do Governo para resolver os imensos problemas que estão a ser colocados. E o que está
a acontecer é haver muitos alunos nas filas para os manuais a chorarem e a apagarem os seus próprios
desenhos. Isto não pode ser! É uma insensibilidade!
Onde estão as medidas do Governo para resolver isto? Têm de ser tomadas! Se o Governo, de facto, não
concorda com esta ação de sabotagem que está em curso, então é simples — é isso que nós exigimos: tomem,
então, as medidas para que isso cesse de acontecer de imediato.