4 DE JULHO DE 2019
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Protestos do PSD.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Houve erros na gestão política, por parte da hierarquia do Exército.
Responsabilizar apenas um praça, um sargento e um oficial foi um erro! Nenhum tenente-general assumiu as
suas responsabilidades e o Governo não tomou nem uma medida…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Desvalorizaram!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … para que esses tenentes-generais fossem responsabilizados pelo que
aconteceu. E isto também fica claro no Relatório desta Comissão Parlamentar de Inquérito, só não lê quem não
quer ler!
O Relatório responsabiliza sucessivos Governos pela degradação das condições operacionais do Exército e
das suas infraestruturas, mas é preciso fazer um exercício sério da análise da Comissão Parlamentar de
Inquérito.
O Governo sabia dos problemas estruturais de Tancos? Aliás, posso mesmo questionar se os sucessivos
Governos sabiam dos problemas estruturais de Tancos! Não sabiam. A estrutura de topo do Exército empurrou
o problema com a barriga e não o comunicou aos decisores políticos.
O Governo sabia, previamente, da operação ilegal montada pela PJM para recuperar o material de guerra?
Não! Não há nenhum relato que permita afirmar isso e, por muitas voltas que o Sr. Deputado Telmo Correia
tente dar, não há nenhuma evidência que o permita afirmar. Diz o Sr. Deputado Telmo Correia que o documento
foi entregue ao Governo «dois dias depois de ter ocorrido». E depois?!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O Governo não fez nada durante um ano!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Dois dias após o ocorrido, já o Ministério Público sabia da operação ilegal
em curso, já a PJ sabia da operação ilegal em curso, o Governo tinha a obrigação de deixar a justiça funcionar.
O Sr. Diogo Leão (PS): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não competia ao Governo atuar, como é óbvio. Soubesse o Governo da
operação clandestina ilegal de recuperação de material militar antes de ela ocorrer e, aí sim, teríamos problemas
de responsabilidade política. Isso não ocorreu e, em rigor, com honestidade intelectual, não há nenhum facto
que lhe permita retirar essa mesma conclusão.
O Governo poderia, de alguma forma, ter evitado o furto propriamente dito? Não! Houve responsabilidade
política no furto propriamente dito? Isso, em rigor, não podemos assumir.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Apurou-se, na verdade, e cito o Relatório, que «não ficou provado que, em algum momento, se tenha
verificado qualquer interferência política na ação do Exército e na atividade da PJM». Concordamos com esta
citação.
A Comissão de Inquérito ao caso de Tancos não apurou responsabilidades políticas no furto do material
militar propriamente dito, mas pôs a nu as responsabilidades políticas e militares na degradação do Exército.
São coisas substancialmente diferentes, mas isto ficou demonstrado.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, para concluir, queremos destacar que esta
Comissão Parlamentar de Inquérito resulta, essencialmente, num conjunto de recomendações que devem ter
importância na análise e no trabalho futuro. Que sirva de lição e que se retirem as ilações deste processo, das
conclusões deste Relatório, para que, no futuro, não volte a acontecer aquilo que aconteceu.