5 DE JULHO DE 2019
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Relativamente a alguns aspetos mais de pormenor, obviamente que, nós, Governo, confiamos no bom senso
e na capacidade de ponderação dos Srs. Deputados, que, depois, em sede de especialidade, farão os
ajustamentos considerados adequados.
Quanto à questão colocada pelo Sr. Deputado João Oliveira, obviamente que o Governo é sensível a todas
as dificuldades, nomeadamente de índole económica, que se colocam as pessoas mais desfavorecidas, no
sentido de não conseguirem cumprir as suas obrigações e, particularmente, quando estão na iminência de
perderem o bem mais sagrado que é, efetivamente, a sua habitação.
Agora, isso terá de ser objeto de uma ponderação, que nós, Ministério da Justiça, julgamos ter feito em
termos equilibrados na solução que apresentamos, porque importa também acautelar outros valores,
nomeadamente a questão da confiança que poderá, se aqui for colocada em causa, dificultar o próprio acesso
à aquisição de uma habitação, por parte das instituições bancárias. Mas, enfim, essa ponderação será melhor
efetuada em sede de especialidade.
Relativamente à intervenção do PSD, obviamente que esta solução já vem de trás, mas a realidade
demonstrou que, efetivamente, não se traduziu na resposta que era esperada. As razões para que isso não
tivesse sucedido são várias, mas, enfim, mais do que persistir no erro, importa repará-lo. E como temos
claramente, neste caso, uma situação de denegação de justiça, o Ministério da Justiça lançou mãos à obra,
depois de ouvir não só a Ordem dos Advogados, como a própria Ordem dos Notários, e, portanto, apresentámos
aqui a esta Câmara uma proposta de alteração deste regime que, creio, vai ao encontro de tudo aquilo que
também convoca o bom senso dos Srs. Deputados, e não tenho dúvida de que concordarão que esta é uma das
melhores soluções que poderíamos encontrar.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Secretária de Estado, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Justiça: — Não está aqui em causa passar nenhum atestado de
incapacidade de resposta por parte dos notários, está apenas o reconhecer de uma evidência: não tiveram,
provavelmente, meios nem estiveram capacitados de modo a dar uma resposta que se quer célere à resolução
de uma questão que, muitas vezes, traz problemas gravíssimos às famílias.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Secretária de Estado, peço-lhe o favor de concluir.
A Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Justiça: — Vou já terminar, Sr. Presidente. Daí que tenhamos
estabelecido a possibilidade de os cidadãos poderem optar pelo tribunal ou pelo cartório notarial, conforme se
sintam mais confortáveis e tenham garantias de uma resposta mais adequada.
Relativamente à sobrecarga de trabalho que eventualmente o regresso de muitos destes processos aos
tribunais possa trazer e à necessidade de apetrecharmos este tribunais, gostaria de lembrar a esta Câmara que
este Governo…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Secretária de Estado, peço-lhe o favor de concluir, pela terceira vez!
A Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Justiça: — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.
Gostaria de lembrar a esta Câmara que este Governo procedeu à reabertura de todos os tribunais que tinham
sido encerrados, dotando-os de meios para que aí possam ser realizados todos os julgamentos de crime da
competência do juiz singular e todos os julgamentos cíveis até aos 50 000 euros, e que temos aqui uma folga,
nomeadamente na área cível, em que a resposta dos tribunais portugueses àquilo que são as solicitações tem
sido excelente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Secretária de Estado, é preciso acolher a recomendação da mesa!
Peço-lhe o favor de concluir!
A Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Justiça: — Será uma maneira, também, através deste regresso
de competências, de valorizarmos o interior e os serviços que lá temos. Isso irá dar ainda mais existência a
estes tribunais.