12 DE SETEMBRO DE 2019
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Segue-se o Voto n.º 875/XIII/4.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por uma Deputada do PS e uma
Deputada do PSD) — De pesar pelo falecimento de Jaime Octávio Cardona Ferreira.
Peço à Sr.ª Secretária Sofia Araújo o favor de proceder à sua leitura.
A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Foi com profunda tristeza que as Deputadas e os Deputados à Assembleia da República tomaram
conhecimento do falecimento do Juiz Conselheiro Jaime Octávio Cardona Ferreira, Presidente do Conselho dos
Julgados de Paz, no passado dia 23 de julho, aos 82 anos.
Jaime Octávio Cardona Ferreira nasceu em Lisboa, em 1937.
Licenciado em Direito, dedicou toda a sua carreira profissional à magistratura, tendo sido Juiz Secretário do
Conselho Superior da Magistratura (1979), Juiz de Direito (1985) e Juiz Desembargador no Tribunal da Relação
de Évora (1988), Juiz Desembargador no Tribunal da Relação de Lisboa (1990), Juiz Desembargador (1993) e
Juiz Conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça (1993).
Entre 1990 e 1993, foi Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, assumindo, entre 1998 e 2001, a
Presidência do Supremo Tribunal de Justiça.
Autor de diversa obra publicada — como Guia de Recursos em Processo Civil (Coimbra Editora, 2014),
Julgados de Paz (Coimbra Editora, 2014), Justiça de Paz – Julgados de Paz (Coimbra Editora, 2005) ou
Processo Civil (Rei dos Livros, 1997) —, era Professor Catedrático Convidado da Universidade Lusíada desde
outubro de 2001, onde exercia as funções de docente na Faculdade de Direito.
Em 2001, Jaime Octávio Cardona Ferreira é convidado para presidir ao Conselho dos Julgados de Paz, cargo
que vinha exercendo de forma exemplar, com inegável empenho e dedicação, desde a VIII Legislatura e até ao
seu falecimento, designado por escolha sucessiva de cinco Presidentes da Assembleia da República.
Jaime Octávio Cardona Ferreira foi um dos maiores promotores da resolução alternativa de litígios, tendo-se
batido, desde longa data, pela criação de uma parceria entre o Estado e as autarquias capaz de aproximar a
justiça dos cidadãos, a ele se devendo a rede de julgados de paz que o País hoje conhece e o sucesso da sua
implementação.
No momento do seu falecimento, e porque inteiramente justo, é-lhe devido profundo reconhecimento pelo
serviço que prestou a Portugal e aos portugueses.
A Assembleia da República, reunida em Comissão Permanente, expressa o seu pesar pelo falecimento de
Jaime Octávio Cardona Ferreira, endereçando aos seus familiares e amigos as mais sinceras condolências.»
O Sr. Presidente: — Vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência do PAN.
Passamos ao Voto n.º 877/XIII/4.ª (apresentado pelo BE e pelo PS e subscrito por uma Deputada do PSD)
— De pesar pelo falecimento de Jorge Leite, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária da Mesa Sofia Araújo.
A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 24 de agosto, Jorge Leite. Portugal herda de Jorge Leite a obra do jurista insigne
e o testemunho do cidadão imensamente solidário.
Foi reconhecidamente um pioneiro e um nome maior da afirmação do Direito do Trabalho em Portugal, seu
professor na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e seu cultor num relacionamento pedagógico e
cívico sempre disponível junto de sindicatos, associações de trabalhadores e movimentos de defesa dos direitos
dos precários. A sua obra académica articulou sempre o rigor do jurista com o imperativo ético e político de
valorização do homem e da mulher trabalhadores. À sua inspiração se devem muitas das soluções legislativas
de consagração e proteção dos direitos dos trabalhadores, em Portugal.
Foi um cidadão marcante da democracia no nosso País, que aliou a intervenção pública com a generosidade
e a simplicidade. Foi Deputado nas I e II Legislaturas, eleito pelo PCP, e presidiu à Comissão de Assuntos
Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Foi um colaborador permanente e dedicado do movimento
sindical, foi membro do Observatório sobre Crises e Alternativas e um dos dinamizadores do Congresso
Democrático das Alternativas, de cuja Comissão Coordenadora fez parte. Nos anos da intervenção da troica,