I SÉRIE — NÚMERO 1
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O Sr. António Ventura (PSD): — Sr. Presidente da Assembleia, Sr.as e Srs. Deputados: Realizam-se no próximo dia 25 de outubro as eleições para o Parlamento dos Açores. Sendo esta a Assembleia da República,
considero oportuno e útil trazer a este Hemiciclo, como espaço político, resultados da governação socialista na
Região que são muito preocupantes, repito, muito preocupantes.
O PS governa os Açores há 24 anos, dos quais 20 com maiorias absolutas. Após este tempo, importa avaliar
o «estado da Região», através de alguns indicadores sociais.
Nos Açores, existem mais de 15 000 beneficiários de RSI (rendimento social de inserção), isto é, mais de 6%
da população açoriana recebe RSI, e é o valor mais elevado de todas as regiões do País.
Segundo dados de 2019, mais de 70% dos jovens açorianos tinham empregos precários e mal pagos e quase
metade dos jovens açorianos recebiam menos de 500 € por mês.
Entre 2018 e 2019, a taxa de risco de pobreza nos Açores subiu de 31,5% para 31,8%, com a média nacional
a baixar de 17,3% para 17,2%. Ou seja, existem mais 77 000 pessoas em risco de pobreza, o que corresponde
a um terço da população açoriana. Os Açores têm os mais elevados indicadores de pobreza do País.
A taxa de abandono escolar precoce, em 2019, nos Açores, foi de 27%, enquanto que a média nacional foi
de 10,6%. No continente está mal, muito mal, nos Açores está pior.
E na saúde? Um açoriano pode esperar numa lista de espera cirúrgica uma média de quatro a cinco anos e
são cerca de 12 000 açorianos os que esperam.
Acresce a tudo isto o dramático despovoamento e envelhecimento da população dos Açores.
O Governo do PS nos Açores não tem sabido combater a pobreza e não tem sabido fixar os jovens.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Ventura (PSD): — Para além disso, encontramos ações governativas de reação e não proativas.
O Governo do PS nos Açores está morto!
O Governo do PS nos Açores não quer saber!
O Governo do PS nos Açores não governa!
Vejamos, por exemplo, o caso da Ryanair, que voa para a Terceira. Estes voos eram para terminar em 31
de dezembro, mas agora prolongaram-nos por mais algum tempo. Todavia, se o Governo tivesse vontade da
continuidade destes voos para a Terceira tinha solucionado o problema antes de ser um problema.
Não governar não pode ser uma forma de governar.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. António Ventura (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Que dizer destes infelizes indicadores da minha terra, onde a culpa não é da pandemia, pois são anteriores a ela?!
Sinto-me envergonhado, e a culpa é do PS!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. António Ventura (PSD): — Na perspetiva dos Governos do PS, não faltou dinheiro. Sempre se gabaram das verbas que recebiam da União Europeia e dos Orçamentos do Estado, com especial clamor
quando os Governos eram da responsabilidade do PS. Sempre ouvimos «conseguimos» e «aumentam os
milhões»!
Mas também não faltou tempo! Todos concordamos que 24 anos é tempo mais do que suficiente para planear
e colocar em prática as políticas.
Então, se não faltou ao PS dinheiro nem tempo, o que faltou? Faltou o essencial! Faltaram as estratégias
corretas, faltaram as políticas e faltaram as pessoas para a concretização dessas ações.
Perante estes resultados sociais, só posso concluir, claramente, que a política do PS para a Região tem
criado pobres, convidado ao não-trabalho e adormecido a sociedade para impor a dependência do Governo —
um Governo cada vez maior —, com o intuito de perpetuar a sua existência no poder.