19 DE SETEMBRO DE 2020
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Peço, agora, à Sr.ª Secretária Deputada Maria da Luz Rosinha o favor de ler o Projeto de Voto n.º 313/XIV/2.ª
(apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD, pelo PAN, pelo CH e pela Deputada não inscrita Cristina
Rodrigues) — De pesar pelo falecimento de Nikias Skapinakis.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«No passado dia 26 de agosto, faleceu em Lisboa, aos 89 anos, Nikias Skapinakis, uma das mais inventivas
e irrequietas figuras do panorama artístico português.
Filho de mãe portuguesa e pai grego, Nikias Ribeiro Skapinakis nasceu em Lisboa, em 1931.
Autodidata nas artes visuais, Nikias Skapinakis ingressou na Escola de Belas-Artes de Lisboa para estudar
Arquitetura, que cedo abandonou para se dedicar à pintura, atividade que manteve até ao seu desaparecimento.
Da geração de Júlio Pomar, Sá Nogueira ou Fernando Lanhas, Nikias Skapinakis foi um dos nomes maiores
da pintura portuguesa da segunda metade do século XX, com uma obra caracterizada pelo universo contrastante
de formas coloridas, de homens e mulheres às muitas paisagens que retratou durante a sua longa carreira —
percorrendo as mais variadas técnicas, da pintura a óleo à litografia.
Antifascista desde a juventude, Nikias Skapinakis militou no MUD Juvenil, tendo sido candidato da Oposição
Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional, em 1957 e em 1961.
Ainda em 1961, participa na elaboração do «Programa para a Democratização da República», em
representação da Seara Nova, um programa comum da oposição preparado sob a inspiração de Jaime Cortesão
e Mário de Azevedo Gomes.
Afirmou em entrevista que a sua atividade política, legal e subversiva, na época, lhe emprestava uma
motivação que influenciou a sua capacidade de resistência ao ambiente que defrontava. Resistindo através da
sua arma mais importante, a pintura, esteve detido no Aljube, em 1962.
Como já antes afirmava, num manifesto escrito em 1958, ‘(…) um pintor luta quando pinta’. Dele são as
ilustrações de Quando os Lobos Uivam, a magistral obra de Aquilino Ribeiro (1958) censurada pelo regime, por
alertar para a forma como a exploração florestal intensiva veio ameaçar a ruralidade do País e destruir formas
culturais existentes há décadas.
Representado em inúmeras coleções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro, a obra de Nikias
inclui a pintura Paisagem — Bandeira Portuguesa, alusiva à bandeira nacional e integrada nas Comemorações
do Centenário da República (2010), exposta no Parlamento.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de Nikias
Skapinakis, endereçando à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha. Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Segue-se o Projeto de Voto n.º 314/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo BE, pelo PCP,
pelo PAN, pelo PEV, pelo CH, pelo IL e pelas Deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar
Moreira) — De pesar pelo falecimento de António Taborda, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária Helga Correia.
A Sr.ª Secretária (Helga Correia): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 31 de agosto, António Monteiro de Almeida Taborda.
Nascido em 1934, no Gavião, distrito de Portalegre, António Taborda foi figura destacada da oposição ao
anterior regime, com participação ativa, nomeadamente, na campanha eleitoral do General Humberto Delgado,
em 1958, e, mais tarde, na crise académica de Coimbra.
Após o 25 de Abril, António Taborda foi Deputado à Assembleia da República, nas II, III e IV Legislaturas,
eleito pelo MDP/CDE, pelo círculo eleitoral do Porto.