19 DE SETEMBRO DE 2020
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Concordo com o Sr. Deputado António Filipe: não vem mal ao mundo se esta norma for aprovada, mas
ficamos muito aquém do que deveríamos ficar.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: A Iniciativa Liberal defende, e sempre defenderá, medidas que possam reduzir a burocracia e facilitar a vida às
pessoas e às empresas, que, convém lembrar à extrema esquerda, são criadas por pessoas e onde trabalham
pessoas com os mesmos direitos e deveres de qualquer um de nós, e não são cidadãos de segunda.
Até o paraministro Costa Silva reconhece que são as empresas e não o Estado quem produz a riqueza sobre
a qual irão recair os impostos que os senhores tanto gostam de cobrar.
Por isso, apoiaremos esta proposta que agiliza os mecanismos de recuperação de empresas.
Na Iniciativa Liberal, se é para evitar o encerramento de empresas em situação económica difícil devido à
pandemia, somos a favor; se é para ajudar a tesouraria das empresas, distribuindo mais depressa aos credores
a massa falida que vegeta à guarda dos tribunais de insolvência, somos a favor; se é para reduzir as taxas de
juros de mora nos planos prestacionais, somos a favor. Pena é que tenha sido preciso uma pandemia para tomar
estas medidas, que pecam por serem temporárias e por não irem mais longe.
Se queremos mesmo ter hipótese de uma recuperação económica mais rápida e mais sólida, teremos de
baixar impostos de forma permanente, reduzir as penalizações por incumprimento, perdoar integralmente os
juros de mora e isentar as empresas da taxa de justiça.
Esperemos que o PS e o Governo percebam isto a tempo, antes do Orçamento do Estado para 2021 e da
chegada da bazuca dos fundos europeus, que, de outro modo, cairão em saco roto.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, passamos agora à fase de encerramento deste debate.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Mário Belo Morgado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Justiça: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ouvi com a maior atenção todas as reflexões e preocupações manifestadas pelas Sr.as e Srs. Deputados que intervieram a
propósito da proposta de lei que hoje apresentámos.
No decurso do processo legislativo e de todo o diálogo construtivo que lhe é inerente, será possível,
certamente, acomodar contributos e sugestões, em linha com o que habitualmente acontece nesta Casa que é
a sede da nossa democracia. Saio desta Assembleia com uma convicção reforçada.
A emergência de saúde pública internacional causada pela COVID-19 determinou a paralisação de um vasto
conjunto de atividades económicas, criando para as empresas uma situação de constrangimento financeiro
fundado na falta de liquidez, o que tem impedido o pontual cumprimento de muitas obrigações já vencidas.
A situação que vivemos caracteriza-se por uma acentuada quebra da produção e do consumo e,
consequentemente, por uma contração dos fluxos e dinâmicas normais do sistema económico.
Mas, felizmente, a capacidade produtiva da economia portuguesa encontra-se em grande parte ainda
preservada, pelo que acreditamos que, num prazo não muito longínquo, possamos voltar a uma certa e desejável
normalidade.
O processo extraordinário de viabilização de empresas e demais medidas propostas corporizam,
precisamente, todo um conjunto de medidas que contribuirão, em grande parte, para superar a situação de crise
e potenciar a recuperação económica. Este conjunto de medidas constitui, certamente, um contributo, mas não
esgota tudo o que o Governo está a desenvolver nesta matéria e, neste âmbito, chamo a particular atenção para
um eixo fundamental da retoma económica que se impõe, que é precisamente o plano de recuperação e
resiliência.
Aplausos do PS.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.