16 DE OUTUBRO DE 2020
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precariedade com o Livro Verde e com alterações que impediram, entre outras, que um jovem pudesse ter um
contrato a termo só por ser jovem; reformulámos as políticas ativas de emprego; combatemos o défice de
qualificações, lançando um programa de qualificações com o Programa Qualifica; estabelecemos quotas de
acesso ao emprego para pessoas com deficiência; eliminámos os bancos de horas individuais; criámos um novo
banco de horas grupal, em 2019, uma figura inteiramente nova e não como somatório de tudo aquilo que já
preexistia, numa base democrática, numa votação secreta, com aceitação expressa de mais de 60% dos
trabalhadores, com confidencialidade e acompanhamento por parte das comissões de trabalhadores e/ou parte
da ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho); criámos uma taxa para combater a rotatividade excessiva.
E poderia continuar, aqui, durante bem mais tempo do que os 5 minutos a que tenho direito, a descrever o
caminho que vimos fazendo e um conjunto de alterações que visam promover mais dignidade, mais proteção
aos trabalhadores e mais justiça no trabalho.
É este o caminho que temos vindo a fazer e é para aqui que se orienta a nossa visão de intervenção no
mercado de trabalho. O debate relativo à conciliação do trabalho com a vida familiar e os mecanismos de
adaptabilidade é um debate muito importante para evitar que o horário da jornada laboral vá além daquilo que é
a jornada de trabalho, que invada os tempos de qualidade, os tempos de lazer, os tempos para a família. E o
que temos vivido, aliás, ao longo dos últimos meses, ao longo deste ano, com as novas abordagens ao nível do
teletrabalho, com as novas realidades, suscita esta inquietação e esta intervenção: os trabalhadores não são
máquinas, não pertencem às empresas, são pessoas que têm de ser respeitadas na sua individualidade, no seu
horário de trabalho e na livre gestão dos seus tempos.
É por isso que temos vindo a trabalhar, é por isso que temos vindo a lutar, não fechando nenhuma porta, não
abdicando de nenhuma solução. O Governo tem vindo a trabalhar nesta frente: elaborou um Livro Verde sobre
o Futuro do Trabalho, propôs a constituição de um grupo de trabalho tripartido na Comissão Permanente de
Concertação Social, com o intuito de promover, precisamente, um acordo global estratégico em torno das
questões da conciliação entre o trabalho e a vida pessoal, em torno da natalidade, em torno da família, em torno
da parentalidade, incluindo na negociação coletiva estes e outros temas, como licenças, horários de trabalho,
teletrabalho, instrumentos de apoio à conciliação, e não nos parece adequado fazermos qualquer tipo de
alteração antes de serem públicas as conclusões desse grupo de trabalho e antes de os parceiros concluírem,
precisamente, os seus trabalhos.
O que podemos desde já recusar é mesmo a proposta que aqui nos traz o Iniciativa Liberal. Estamos contra
o banco de horas individual, e foi por isso que o revogámos. Não se trata de uma medida isolada, porque, para
nós, os trabalhadores são mesmo a parte mais fraca da relação laboral. O Código do Trabalho existe para
proteger esses trabalhadores. Não temos uma visão neutra sobre o mundo do trabalho, entendemos que é
preciso uma visão legislativa que promova os direitos dos trabalhadores, que promova a dignidade do trabalho,
e é em torno disso que vamos continuar a intervir.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — É para isso que o Partido Socialista trabalha e é nesse caminho que vamos prosseguir, com políticas laborais mais justas, mais dignas e mais igualitárias.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Fazemos este debate no contexto de uma declaração que hoje foi feita por um Ministro do Governo socialista, que dizia, orgulhoso,
que o aumento do salário mínimo não terá qualquer contrapartida para os patrões.
Essa é uma frase que, no contexto de crise em que vivemos, poderia ser dita por um ministro da propaganda;
por um Ministro da Economia não poderia de certeza. A economia precisa dos empregadores, precisa da
iniciativa privada — apesar de todos os planos que o Partido Socialista apresenta parecerem negar essa