17 DE OUTUBRO DE 2020
15
Muita gente diz que faz falta um aeroporto no centro do País, por causa de Fátima; muita gente diz que é
preciso largar o aeroporto de Lisboa, por causa de Fátima; e, afinal, agora há um buraco negro em Fátima? Há
um buraco negro em Fátima para os próximos anos, porque a economia não vai retomar, nem o turismo, como
no passado. As praias já abriram, mas o turismo religioso ainda não voltou ao que era, nem voltará nos próximos
tempos.
É por isso que estamos aqui e percebemos que a maior parte dos partidos concordou com esta
especificidade. Foi uma grande vitória porque, talvez pela primeira vez no Parlamento português, se discutiu
este assunto sem estigmas religiosos, porque a questão não é o santuário mas as pessoas, de facto. Mas agora
temos de ser consequentes, nesta idade adulta, e perceber que há um problema. E não basta que a Sr.ª
Secretária de Estado, permita-me que lhe diga, nos mostre as medidas para o setor e para o País que já foram
tomadas. A Sr.ª Secretária de Estado reconheceu, e bem, a especificidade da questão e, como dizia o Sr.
Deputado João Moura, que é do concelho de Ourém, agora tem de agir em conformidade, porque aquele
problema vai afetar todos, não só as pessoas de Fátima.
O Sr. João Moura (PSD): — Muito bem!
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Há muita gente com necessidades especiais, muitos estudantes com necessidades especiais, muitos idosos com necessidades especiais, que são enviados de todo o País para as
instituições sociais de Fátima e era esse dinheiro que, muitas vezes, chegava às instituições, que vinha dos
restaurantes, dos hotéis, do próprio santuário, e que agora não está a chegar. Por vezes, são até esses que se
antecipam à segurança social para ajudar quem mais precisa e é agora que o País, que tantas vezes tem sido
ajudado por Fátima, não pode falhar a este polo de atração de turistas, de apoio social e de investimento.
Fátima já ajudou o País e a região. Está na hora de ajudarmos Fátima.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, chegámos ao fim do nosso primeiro ponto da ordem de trabalhos de hoje.
Vamos dar início ao segundo ponto com ao debate, na generalidade, do Projeto de Lei n.o 512/XIV/2.ª (BE)
— Medidas para a recuperação da atividade das juntas médicas de avaliação de incapacidades, do Projeto de
Resolução n.º 321/XIV/1.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo que cumpra as recomendações da Provedora
de Justiça para eliminar atrasos significativos na emissão de atestados médicos de incapacidade multiuso e dos
Projetos de Lei n.os 538/XIV/2.ª (PAN) — Assegura a resposta eficaz da atividade das juntas médicas de
avaliação de incapacidades e dos cuidados de saúde primários em situação epidemiológica provocada pela
COVID-19 e 541/XIV/2.ª (PCP) — Regime transitório para a emissão de atestados médicos de incapacidade
multiuso.
Para abrir o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda pediu o agendamento deste debate sobre as juntas médicas, sobre medidas para recuperar a atividade das juntas
médicas porque esta é uma matéria essencial para a vida de muitas pessoas.
A suspensão, o adiamento, o atraso e a impossibilidade de acesso a juntas médicas têm impactos
dramáticos, concretos, na vida de quem mais precisa neste momento. É exatamente por aqui que queremos
começar este debate, por este impacto concreto, pela realidade, por aquilo por que muita gente está a passar.
Sara — nome fictício — é mãe de duas filhas. Trabalhava a recibos verdes, sempre trabalhou a recibos
verdes. Foi diagnosticada com cancro, perdeu o seu rendimento porque não pode trabalhar neste momento.
Precisa de apoio, precisa de aceder a apoios, que, aliás, estão previstos na lei, mas não consegue. Porquê?
Porque não consegue aceder a uma junta médica.
A Cláudia — também nome fictício — tinha requerido uma junta médica no final de 2019, pré-pandemia. Com
a suspensão da atividade, que ocorreu em março de 2020, ainda não conseguiu acesso a essa junta médica e,