I SÉRIE — NÚMERO 15
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de cerca de 70% nas receitas, mas o que é certo é que no caso de Ourém, Fátima, essa quebra é superior a
90%, ou seja, é uma situação mais grave do que aquela que existe no todo nacional.
Estamos a falar de um concelho que está na lista dos concelhos com mais desemprego e com maior
crescimento de desemprego em Portugal, precisamente pela dependência que tem de um cluster, o turismo
religioso, em relação ao qual não existem preconceitos, pelo menos do lado desta bancada. Na bancada em
frente, excluindo o PCP, porque, pela intervenção responsável que fez, se percebeu que não existe esse
preconceito, da parte do Bloco de Esquerda percebe-se claramente esse preconceito ideológico.
No caso de Ourém, não há um problema só ao nível do turismo e é de aproveitar o momento em que está
aqui o Governo para dizer que há também um problema na saúde, porque faltam médicos. Há cerca de 4500
utentes que não têm sequer médico de família. Portanto, naquele concelho e nos concelhos vizinhos, os
problemas não se prendem exclusivamente com a questão do turismo.
Felicitamos o PSD por ter trazido este debate e por ter feito este agendamento precisamente porque podemos
dar voz ao desespero de muitos empresários e à situação em que, infelizmente, vivem muitos desempregados.
A situação do desemprego é muito preocupante e, em relação ao setor do turismo, o CDS deu hoje entrada
de um requerimento para, precisamente, a Sr.ª Secretária de Estado do Turismo vir ao Parlamento…
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Já cá está!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Já cá está, mas tem de vir à Comissão de Economia dar mais explicações.
Os 6 minutos de que dispõe não são suficientes, Sr.ª Secretária de Estado. E sabe porquê? Temos hotéis
fechados, empresas insolventes e o desemprego a crescer, a crescer e a crescer neste setor. Portanto, exigem-
se respostas concretas e é exatamente por isso que a Sr.ª Secretária de Estado, a pedido do CDS, pelo
requerimento que demos entrada, deve vir ao Parlamento dar essas explicações que são exigidas pelo setor,
mas também pelos portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isaura Morais, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Isaura Morais (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.ª Secretária de Estado do Turismo: Recebemos, da autarquia de Ourém, no passado mês de maio, um alerta para
a situação que se vivia em Fátima, solicitando medidas excecionais de apoio ao turismo para atenuar as
consequências da realidade que se vivia naquele setor.
Nenhum de nós fazia, então, ideia de que a situação se iria agravar e que esta pandemia provocaria danos
de tão elevada dimensão e extensão no tempo neste setor estratégico da economia nacional, o turismo. Danos
que atingem Fátima de forma particular, um caso singular ligado ao turismo religioso, o maior santuário mariano
de todo o mundo, que recebe centenas de milhares de visitantes anualmente e que, por esse facto, viu nascer
em seu redor diversos equipamentos hoteleiros e de restauração preparados para satisfazer essa procura.
Investimentos importantes para a região, geradores de muito emprego, que urge apoiar sob pena de estarmos
perante um grave problema, não apenas ao nível do tecido empresarial do setor, mas ao nível social, pela quebra
significativa que gera no rendimento das famílias e pela ameaça do desemprego.
Hoje, com quebras de 90% na procura, nomeadamente ao nível internacional, sabendo que a maioria dos
turistas viaja em grupos e se situa na faixa etária dos 65 anos, estamos perante um grave problema também
para o turismo nacional, pois quem se desloca para fazer esta visita de cariz religioso não visita apenas Fátima,
visita a região e é também cliente de todo um conjunto de pontos turísticos, nomeadamente Lisboa, principal
porta de entrada no nosso País.
Embora alguns nesta Câmara desconheçam o problema, com este exemplo talvez o possam perceber: as
cerimónias religiosas dos passados dias 12 e 13 outubro tiveram a previsão máxima de 6000 visitantes quando,
nos últimos anos, o número de fiéis estava entre os 150 000 e os 250 000. Este problema foi transmitido na
primeira pessoa aos Deputados do PSD e constitui uma situação que não podemos ignorar e que, reforço, é