24 DE OUTUBRO DE 2020
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execução pelos diversos serviços públicos, continua a não permitir que, por exemplo, a concretização e a
inventariação dos bens móveis do Estado sejam asseguradas numa estratégia integrada.
É verdade que a receita fiscal aumentou mais de 893 milhões de euros, graças aos portugueses e ao seu
trabalho. É verdade que o stock da dívida em cobrança coerciva pela Autoridade Tributária continuou a crescer
para 663 milhões de euros. Mas também é verdade que foi cumprido o limite que estava determinado para a
despesa da administração central.
Foram, de facto, excedidos os limites em seis programas orçamentais, mas, por exemplo, os fluxos com os
setores público e empresarial melhoraram em mais 4500 milhões de euros, a favor do Estado.
Os fluxos financeiros destinados às regiões autónomas totalizaram, nesse ano, 880 milhões de euros de
transferências e os fluxos financeiros para as autarquias locais ultrapassaram, pela primeira vez, nesse ano,
mais de 5590 milhões de euros.
Em 2018, o PIB continuou a crescer e, face às circunstâncias da gestão orçamental difícil, o rácio da dívida
baixou claramente, de 121,5% para menos de 118,1%.
Temos, de facto, um trabalho feito pelo Governo a favor das populações, dos portugueses, que fez com que
o prazo médio de pagamentos baixasse: não só baixou em valor absoluto, em milhões de euros, como o prazo
para efetuar o pagamento baixou para menos de 60 dias.
O montante total consolidado dos cativos, de que a direita tanto se queixou, nesse ano, teve uma
descativação superior a 70%.
Relativamente ao teto máximo de despesa fixado no Quadro Plurianual de Programação Orçamental, no ano
de 2018, verificámos uma taxa de execução de mais de 98,5%.
No que respeita às responsabilidades assumidas por garantias prestadas, verificou-se, novamente, uma
redução: em 2018, o montante total foi inferior a 6,4% face a 2017 e, sobretudo, 28,1% face a 2012.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Gameiro (PS): — Com certeza, Sr. Presidente. Acompanhamos a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) na ideia de que é tempo de a Conta Geral
do Estado incluir um exercício de autoavaliação.
Chamamos a atenção, mais uma vez, para o seguinte: a prestação de contas dos Governos é essencial, mas
o Parlamento debruça-se 50 dias sobre o Orçamento do Estado e apenas 50 minutos sobre a sua conta. Há que
refletir sobre este facto.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, para uma intervenção.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: A Conta Geral do Estado é importante para analisarmos o cumprimento das opções orçamentais.
Há muitos dias para discutir o Orçamento: assumimos compromissos sobre medidas de política orçamental,
objetivos de investimento, objetivos de despesa, políticas da segurança social, passamos muito tempo a discutir
essas medidas, a discutir a sua abrangência, a discutir se se aumenta ou não aumenta o orçamento de cada
rubrica e de cada ministério. Depois, importa compreendermos se aquilo que discutimos e os compromissos que
assumimos foram cumpridos e executados, e a Conta Geral do Estado permite-nos fazer essa discussão.
É verdade que, em 2018, foram tomadas medidas muito importantes para recuperar rendimentos: foram
atualizadas e aumentadas pensões, que o Governo PSD/CDS tinha congelado; foi reduzido o IRS, que o
Governo PSD/CDS tinha aumentado; foram repostos subsídios de Natal, que tinham sido cortados na altura do
PSD e do CDS; foram aumentados apoios sociais, que tinham sido cortados no passado.
Sabemos que essa recuperação de rendimentos aconteceu e sabemos o quão importante ela foi, juntamente
com o aumento do salário mínimo, para melhorar a economia e para que o PIB pudesse crescer. Finalmente,
tivemos a economia a crescer. Por causa desse crescimento do PIB e por causa do crescimento do emprego,
há um aumento da receita em impostos, face ao previsto no Orçamento, de 1507 milhões de euros.