24 DE OUTUBRO DE 2020
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fundamental como a da saúde, põe em causa o funcionamento adequado dos serviços, traduzindo-se em falta
de recursos, equipamentos, aumento dos tempos médios de espera, entre outros aspetos, afetando, assim, a
eficiência e a eficácia do acesso ao Serviço Nacional de Saúde.
Por isso, defendemos não só uma orçamentação adequada para o SNS, que até aqui tem estado, de facto,
subinvestido, mas também a criação de um regime excecional para o Serviço Nacional de Saúde, no âmbito da
Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso.
Os limites que têm sido colocados por esta lei têm levado a que o Tribunal de Contas, nos últimos anos,
tenha recusado o visto a contratos para aquisição de medicamentos, aquisição de bens e serviços para
alimentação, tratamento de roupas, contratos de manutenção, realização de meios complementares de
diagnóstico e investimentos nas unidades de saúde, levando mesmo o Tribunal a afirmar, numa decisão de
2019, que existia «um verdadeiro problema sistémico a carecer de resolução urgente por parte do legislador».
Face a estas críticas e preocupações do Tribunal de Contas, que não podemos deixar de acompanhar, há,
de facto, uma conclusão a retirar da análise desta Conta Geral do Estado de 2018: continua a estar afetada por
erros materialmente relevantes, situações de inconformidades de convergência com a própria legislação, e
parece-nos que tem de haver uma avaliação mais adequada das políticas públicas quanto aos recursos
financeiros que são previstos e, depois, gastos de forma devidamente justificada e adequada.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Este Orçamento que a Sr.ª Secretária de Estado classificou como o Orçamento que cumpriu todas
as metas, cumpriu, eu diria, algumas metas, mas não cumpriu outras. E gostava de falar um bocadinho das
metas não cumpridas deste Orçamento, até porque, estando nós, aqui, na Conta de 2018, temos de admitir que
o não cumprimento de algumas destas metas não será exatamente surpresa e, por isso, até para se perceber
que o Bloco de Esquerda e o PCP, que agora estão muito surpreendidos porque o PS, aparentemente, não
cumpre algumas das suas normas programáticas e das promessas que faz no Orçamento, acho que vale a pena
lembrar aqui alguns padrões, e padrões que, pelo menos até agora, têm sido visíveis todos os anos.
Primeiro padrão de meta não cumprida: a meta das receitas fiscais. A receita fiscal, em 2018, aumentou mais
do dobro do que o previsto no Orçamento do Estado. É verdade que isto não se passou apenas em 2018, mas
é o exemplo de uma meta que não foi cumprida.
Da mesma maneira, outro exemplo clássico é o das despesas de capital ou investimento. Apesar de ter
aumentado significativamente, continuou a representar apenas 61,2% do valor de 2012, mantendo-se uma baixa
taxa de execução do Orçamento aprovado (54,6% de taxa de execução). Isto é verdade em 2018, como já tinha
sido verdade em 2017 e voltou a ser relativamente verdadeiro em 2019.
Também diz a Conta que foram excedidos os limites estabelecidos para alguns programas orçamentais,
essencialmente em resultado das situações de suborçamentação crónica — ensino básico e secundário e saúde
— e da opção de centralizar no Ministério das Finanças um volume crescente de dotações, as tais coisas que
agora parecem surpreender muito o PCP e o Bloco de Esquerda, mas que foram verdadeiras ao longo de todos
os Orçamentos que VV. Ex.as aprovaram.
E porque a Sr.ª Secretária de Estado disse que, no início do ano de 2018, tínhamos saído do procedimento
por défices excessivos, e é verdade, gostava, ainda, de lembrar o seguinte: o Sr. ex-Ministro das Finanças,
Mário Centeno, explicou uma coisa que me parece bastante óbvia: explicou que o desenho do modelo da venda
do Novo Banco, que implicou, é certo, aquilo que na prática é uma garantia pública e que, ao abrigo dessa
garantia, implica transferências ao longo dos quatro anos subsequentes, foi um desenho feito precisamente para
permitir que Portugal saísse do procedimento de défices excessivos. Só é pena que, na altura, se tenham
esquecido de dizer isto, e é ainda mais pena que os vossos parceiros, que permitiram a aprovação destes
Orçamentos, aparentemente tenham demorado quase quatro anos a perceber esta coisa tão óbvia. É que a
garantia pública de 3890 milhões de euros era mesmo para ser paga e não estava lá só para inglês ver ou, neste
caso, para americano ver.
Aplausos do CDS-PP.