I SÉRIE — NÚMERO 29
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empresas tenham a possibilidade de aceder aos apoios. A mesma coisa se passou relativamente à burocracia
e à celeridade dos processos.
Isso foi o que nós aqui fizemos e bem! Nove meses depois, relativamente a muitas destas matérias, o
Governo desenterrou a cabeça da areia e percebeu que tinha de dar esses passos em frente, e ainda bem!
Sr. Ministro, já percebemos, hoje, que a OCDE é uma coisa excêntrica e que faz previsões excêntricas.
Nessa excentricidade, pergunto-lhe: é ou não é verdade, como diz a OCDE, que a economia portuguesa foi das
que mais encolheu neste período? É o que a OCDE diz!
É ou não é verdade que, perante esse cenário, é plausível que a economia portuguesa seja, como diz a
excêntrica OCDE, das que mais difícil e lentamente vai recuperar? Não sei qual é a excentricidade nesta matéria,
Sr. Ministro. Trata-se de factos! Não vejo aqui grandes excentricidades!
É ou não é verdade, como diz a mesma instituição, que olhando para aquilo que foi o investimento público
em 2020, para aquilo que foi orçamentado e executado, só o Chipre é que está pior do que nós?
É ou não é verdade que, em função dos Orçamentos do Estado que foram aprovados, continuamos ao lado
de Chipre, com o menor investimento público previsto para 2021?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — São factos! Em relação ao investimento público, não me espanta nada porque, em 2016, o seu Governo atingiu os
patamares mínimos dos últimos 60 anos. Este Governo é inimigo do investimento público. Fala muito dele, mas
não o concretiza, não o executa. E agora já não há desculpa de mudanças de quadros comunitários, do Quadro
2020. Já não há nada disso. Porquê? Porque estamos a chegar ao final da execução e faltam executar 1,2 mil
milhões de euros!
Sr. Ministro, o Orçamento do Estado aumentou os custos de contexto de um setor importantíssimo, que é o
setor têxtil. Os senhores alteraram taxas e taxinhas nas cogerações, criando um aumento de custos de contexto
que veio dificultar a competitividade das empresas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Os senhores esqueceram-se da cultura e dos agentes culturais, assim como de um setor que vale 2% do PIB, que é o desporto. Os senhores acham normal que os jovens andem de
autocarro e estejam nas escolas juntos, e bem, mas que, depois da escola, não possam praticar desporto,
quebrando esta cadeia de valor que é muito importante para o nosso País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira.
O Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Emídio Guerreiro, em primeiro lugar, os empresários em nome individual sem contabilidade organizada são
destinatários de importantes apoios que estão criados.
Já não vou falar da linha de microcrédito que o Turismo de Portugal gere, que é uma linha de crédito de 100
milhões de euros, com 20% convertível, a fundo perdido, a que dezenas de milhares de empresas e de
empresários, em nome individual com contabilidade simplificada, já acederam.
Queria também recordar que os empresários em nome individual sem contabilidade organizada também
beneficiam do layoff e dos demais apoios ao emprego, sem qualquer espécie de restrições. Portanto, não é
exato que eles tenham ficado sem acesso aos apoios já lançados.
Em segundo lugar, não falando agora das projeções da OCDE, queria recordar que já existe certeza, com
razoável confiança, relativamente ao impacto desta crise no produto dos países da zona euro e da União
Europeia em geral, que Portugal está entre os mais atingidos, mas não é o mais atingido. A França cairá mais,