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12 DE DEZEMBRO DE 2020

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a Itália cairá mais, a Espanha cairá mais, a Bélgica cairá, provavelmente, quase tanto quanto Portugal. Estamos,

claramente, na média da quebra.

O que a OCDE prevê na sua projeção para 2021 é, de facto, um crescimento muito reduzido da economia

portuguesa, salvo erro 1,9% ou coisa assim. Mas diz que isso ocorre porque Portugal é, supostamente, um País

excessivamente dependente do turismo e que o turismo não vai regressar, quando ela própria assume que

essas projeções não contemplam o efeito da vacinação.

Não sou economista, portanto não tenho de fazer projeções rigorosas, o que tem uma vantagem: não me

engano. Mas, a propósito dessas projeções, há uma coisa que posso dizer: em primeiro lugar, todas as outras

instituições internacionais preveem para Portugal um crescimento de 4%, 5% ou 7%. É essa a lógica com que

vão encarando o potencial de crescimento de Portugal no próximo ano; em segundo lugar, a OCDE não

contempla o efeito da vacina.

Recordo, mais uma vez, que o Ministro britânico da saúde diz que os britânicos terão o verão a que sempre

estiveram habituados: o verão a que eles estão habituados é passado em Portugal.

O que quero dizer é que tenho mesmo a convicção pessoal de que, quando normalizarmos a situação

sanitária, vamos assistir em todo o mundo ao regresso a um conjunto de atividades que, neste momento, tem a

procura pura simplesmente reprimida. Agora, as pessoas não viajam, porque não podem, porque não as deixam.

As pessoas não fazem festas, porque não podem, porque não as deixam. E, ao não irem a festas, não compram

roupa para irem às festas. E se não vão passear, não compram sapatos para ir passear. As pessoas não vão

aos restaurantes, porque os restaurantes não podem funcionar nos termos normalmente definidos.

Portanto, a normalização da situação sanitária terá um impacto muito grande na economia, porque toda essa

procura reprimida, de repente, poderá voltar a ser satisfeita.

Em relação a essas projeções era isso que eu queria dizer.

Finalmente, há um tema que é um dos grandes passivos que o mundo vai herdar desta crise. Trata-se,

precisamente, das restrições às atividades desportivas e, particularmente, às atividades desportivas dos mais

novos. Não estou só a falar da circunstância de as classes de formação não poderem participar em competições

e de isso degradar a qualidade do desporto de alto rendimento no futuro. Não estou a falar disso. Estou a falar

de hábitos desportivos e de atividade física que ou se adquirem na primeira infância, e não se perdem na

adolescência, ou então nunca mais se recuperam. E esse passivo, que se vai pagar em termos de qualidade de

vida, em termos de índices de saúde e em termos de esperança de vida, no futuro tem de ser muito rapidamente

recomposto.

Como membro do Governo, embora sem ter responsabilidades nessa área, posso dizer-lhe que tenho a

convicção de que o Governo deve ter um grande programa de estímulo à recuperação deste passivo, nas

classes de formação, nos seniores, de forma a que se possa recuperar o mais rapidamente possível o nível de

atividade física que uma sociedade madura, composta por cidadãos exigentes, deve ambicionar.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma pergunta, o Sr. Deputado Paulo Moniz, do PSD.

O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, trago-lhe o tema importante do 5G, não só para Portugal e para a Europa, mas porque é também uma das alavancas da recuperação económica que todos

desejamos no eixo digital, alinhado com as prioridades europeias e nacionais.

Esse é um processo que, em Portugal, parou em março, por razões da pandemia, mas que foi, entretanto,

retomado. Estamos em fase de aprovação das candidaturas dos possíveis candidatos a leilão e a verdade é que

se trata do processo mais litigante, mais conflituoso da história das telecomunicações em Portugal.

Sr. Ministro, temos uma entidade reguladora em confronto com os operadores, temos os operadores em

litigância entre si. E temos a circunstância única de, provavelmente, não se cumprirem os prazos de, no primeiro

trimestre de 2021, Portugal ter o 5G e, por isso, não ter a capacidade de, em torno do ecossistema do 5G,

desenvolver atividade económica, de fazer investigação e dar um passo de modernidade como a restante

Europa.