I SÉRIE — NÚMERO 30
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colocar a empresa no plano COVID se a empresa já tinha prejuízo, Sr. Deputado?! É verdade ou mentira que
a empresa já tinha prejuízo e, por isso, não podia ir para o plano COVID?!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Carlos Silva, do PSD.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, a TAP é uma espécie de tragédia grega, sem fim à vista.
Os portugueses não têm a garantia de que temos um plano viável e não existe qualquer racional que nos
diga que a TAP é sustentável a prazo. Os portugueses perguntam mesmo se faz sentido lá colocar mais de
3700 milhões de euros.
Protestos do Deputado do PS Hugo Costa.
Não sabemos! O Governo não o demonstrou. O Governo limita-se a uns sound bites sem qualquer
coerência.
Protestos do Deputado do PS Hugo Costa.
O Governo de Passos Coelho, em 2015, retirou a TAP da falência que estava anunciada. Este Governo,
em 2016, ideologicamente, nacionalizou a TAP. Chegou a pandemia e, sejamos honestos, a TAP estava mal,
pior ficou.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Então, Sr. Deputado, qual é o cenário aterrador que temos hoje? Temos um Governo que colocou já 1200 milhões de euros na TAP, sem qualquer escrutínio,…
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — … um Governo que dispensou os serviços do único acionista que percebia de aviões e ainda lhe pagou 55 milhões de euros para sair, um Governo desorientado, com divergências na praça
pública entre o Ministro da tutela e o Primeiro-Ministro e uma TAP que paga prémios de gestão aos seus
gestores em anos de prejuízo.
E a TAP, o que tem do seu lado para a proteger? Nada! Tem apenas um Ministro empolgado, de megafone
em punho, que carregou durante os últimos dois anos impropérios ideológicos sobre a gestão da TAP. Tem
um Ministro, a fazer «tremer as pernas» aos alemães, que afirmava há anos que a austeridade matava, a
efetuar o maior despedimento coletivo de que há memória em Portugal, sem qualquer sensibilidade social.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Exatamente. Bem lembrado!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Tem um Ministro que, no plano de recuperação, só fala de cortes salariais. Não há uma palavra para os cortes das «gorduras» da empresa.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — E tem, ainda, um Ministro que prejudicou severamente as negociações de melhores condições para a TAP, em Bruxelas.
Por tudo isto, Sr. Deputado — e não é pouco —, pergunto-lhe: acha que a TAP, neste cenário de terror
político-social, tem alguma possibilidade de sobrevivência a prazo?