I SÉRIE — NÚMERO 30
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fiscalização! Estou certo, Sr. Deputado, conhecendo-o como o conheço, de que o Sr. Deputado até concordará
comigo.
Mas gostaria de dizer o seguinte em relação a algumas das apreciações que fez: o CDS — olhe, tal como o
PSD, ainda agora ouvi o Sr. Deputado Carlos Silva referir também — não tem complexos com a privatização,
não tem complexos com uma gestão privada.
Portanto, quanto a isso estamos calmos, serenos e, a seu tempo, faremos, como temos feito, a
comparação entre aquilo que é a gestão privada e, vamos ver no futuro, aquilo que é a gestão pública.
No entanto, quero dizer o seguinte: na discussão sobre a minha intervenção, eu gostava de ter ouvido da
parte do Partido Socialista uma outra resposta e um outro comentário, nomeadamente sobre o cheque que foi
passado ao Sr. David Neeleman, os tais 55 milhões de euros, e aquilo que está nas disposições europeias,
que os senhores conhecem e que, se calhar, hoje não querem discutir. Sobre isso é que eu gostaria de ter
ouvido algo da parte do Partido Socialista.
Já agora, em relação ao que era a empresa e como é que está agora, há um elemento na gestão — hoje,
não temos aqui o nosso professor de gestão e de empresas, o Ministro Pedro Nuno Santos! —, um elemento
de referência, quando se fala da avaliação de uma empresa. E esse elemento chama-se EBITDA (earnings
before interest taxes depreciation, and amortization). Sabe qual era o EBITDA da TAP, em 2015? Era cerca de
100 milhões de euros. Sabe quanto é que era em 2019? Mais de 500. Portanto, por aí tem a resposta.
Depois, perguntou o Sr. Deputado Carlos Silva se a TAP sobrevive ou não. Bem, é importante garantir que
haja o hub da TAP, que é, no fundo, o que gera cash para a operação da TAP.
Vamos ver o plano de reestruturação, que foi um documento apresentado em Bruxelas. Vamos ver o que
vem de lá. Estamos expectantes. Esperemos que a TAP possa sobreviver.
Uma última nota em relação às questões que o Sr. Deputado André Silva colocou.
A TAP não é perfeita. Claro que não! Tinha erros de gestão? Com certeza que sim! Quanto a isso não
tenho também grandes dúvidas.
Agora, há uma coisa que sei. O Sr. Deputado colocou uma questão que tem a ver com as emissões. É uma
preocupação que o CDS tem, a da questão das emissões. No entanto, devo dizer que, se houve ato de gestão
da administração e da gestão privada da TAP — onde também está o Estado, é verdade —, foi o da
renovação da frota. Esta frota que há na TAP é muito mais eficiente. Não tivesse a gestão privada decidido a
renovação da frota e teríamos uma mais obsoleta e mais poluente.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos retomar os pedidos de esclarecimento, pelo que dou a palavra ao Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, a TAP tem vindo a atravessar uma situação com enormes ameaças e com problemas da maior gravidade. Mas
não há dúvida de que um problema que não é pequeno nem é pouco relevante para a TAP é o da demagogia,
do populismo e do oportunismo político dos que, na esfera político-partidária, aproveitam não só a situação da
TAP para fazer guerrilha mas também a crise pandémica para apostar no dumping social e para «pedir a
cabeça» dos trabalhadores e os seus direitos.
Protestos do PSD.
É por isso que não podemos deixar de repudiar a forma demagógica, a forma politicamente desonesta
como está a ser colocado este assunto por parte de alguns partidos, e aqui destaco o CDS e o PSD — o seu a
seu dono, honra seja feita! —, que têm assumido desde o início uma atitude de total displicência relativamente
ao futuro de uma companhia estratégica para o nosso desenvolvimento e soberania.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os Srs. Deputados falam em não ter complexos relativamente ao setor público e ao setor privado, às nacionalizações e às privatizações e nós observamos, de uma forma muito concreta, a
experiência que tem sido. Os senhores tão depressa nacionalizam prejuízos como privatizam lucros. Isso é