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I SÉRIE — NÚMERO 30

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abuso infantil, que continua a matar dezenas de mulheres, homens e crianças todos os anos e que este ano

tirou também, recentemente, a vida a um agente de segurança pública.

Só em 2020, a violência doméstica já matou mais de 31 pessoas, a maioria delas mulheres, para além de

termos assistido a um crescimento das participações às autoridades dos casos e das denúncias em contexto

de privacidade.

Assim como não nos podemos também esquecer dos casos de mutilação genital feminina —

evidentemente, um caso, se calhar, com menor expressão no nosso País, mas de uma violência grotesca —,

em que os direitos das crianças e destas mulheres em relação ao seu próprio corpo, à sua saúde, à sua

identidade são completamente violentados e ainda hoje aceites em muitas comunidades e que também

ocorrem no nosso País e não apenas em lugares distantes, o que levou, por exemplo, o PAN a apresentar

uma iniciativa que visa contribuir precisamente para a sua erradicação.

Falar de violação de direitos humanos é também falar de caminhos populistas antidemocráticos que estão

em crescimento, é falar da discriminação de etnias, é falar da xenofobia, do racismo, da homofobia, da

transfobia e do caminho do ódio. Mas também é falar do caminho do silêncio, do caminho que ignora o que

está a acontecer diante dos nossos olhos e nenhum destes caminhos é, nem pode ser, o da nossa

democracia.

É fundamental a este tempo, mais do que nunca, que se promova uma verdadeira justiça social e igualdade

de direitos. É fundamental que, na recuperação desta crise que atravessamos, a defesa intransigente dos

direitos humanos seja um pilar incontornável do nosso País e que não se permita que esta crise aumente

ainda mais o fosso das desigualdades, que não só persiste como corremos o risco de se agravar.

E aqui chegados, Sr.as e Srs. Deputados, os direitos humanos são, desde logo, não ter receio de questionar

e mudar as instituições quando falham, de assumirmos as nossas próprias responsabilidades, sejam elas

institucionais ou políticas, garantindo meios, recursos e, acima de tudo, formação para que possam funcionar e

salvaguardar os direitos humanos.

O respeito pelos direitos humanos também é, mais do que nunca, combater a pobreza e garantir que todas

e todos tenham acesso à justiça, aos serviços de saúde, à educação e a salários condignos e assegurar uma

vida digna para todas as pessoas, priorizando o investimento em projetos que promovam a verdadeira

sustentabilidade social, económica e laboral.

Numa sociedade onde dependemos todos uns dos outros para garantir a nossa sobrevivência, a violação

dos direitos humanos é um crime que não podemos, jamais, tolerar.

Sr.as e Srs. Deputados, para concluir, direi que o caminho que ainda temos para fazer não se constrói —

não tenhamos ilusões — com botões de pânico, ou «enfiando a cabeça na areia» ou, menos ainda, com o

empurrar de responsabilidades, dos discursos e palavras de circunstância. Precisamos, sim, de justiça, de

políticas e de ações concretas que garantam que ninguém é, de facto, deixado para trás, seja na recuperação

da crise sanitária,…

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Vou já concluir, Sr. Presidente. … com vista a honrarmos o caminho que Portugal tem aqui feito em matéria da proteção dos mais

vulneráveis.

O Sr. Presidente (António Filipe): — A Mesa regista cinco inscrições para pedidos de esclarecimento. Entretanto, a Sr.ª Deputada informou que pretende responder primeiro a um grupo de três Srs. Deputados

e depois aos dois restantes.

Sendo assim, para o primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Peixoto, do

PSD.

O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, felicito-a pelo tema que aqui traz, de uma relevância extrema para um Estado de direito, para uma democracia

e para o nosso País.