7 DE JANEIRO DE 2021
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desdenha a necessidade de serem tomadas medidas muito sérias de controlo sanitário, garantindo a
segurança sanitária, o combate ao vírus e aos seus efeitos. Portanto, a necessidade de medidas é
compreendida por quase todos.
Naturalmente, é necessário que os planos de vacinação corram bem, é necessário aumentar a capacidade
de testagem e reforçar o Serviço Nacional de Saúde, que é, constantemente, posto à prova perante uma
situação como a que estamos a atravessar. É necessário garantir condições de segurança, no dia a dia, em
relação ao que não podemos deixar de fazer, como a utilização dos transportes públicos, através de uma
oferta suficiente e em condições de segurança. É necessário haver segurança nos locais de trabalho,
independentemente da natureza das funções desenvolvidas, e criar condições para que as pessoas possam,
com um mínimo de confiança, continuar a desenvolver as suas atividades profissionais, para que o País não
pare.
Mas essas medidas devem ser as indispensáveis e devem ser proporcionais para garantir o que é
fundamental, isto é, que haja condições para que todos possamos fazer a nossa vida com as limitações
reduzidas ao mínimo e com as condições de segurança asseguradas ao máximo, por forma a que esta
segurança seja garantida, a que a economia não seja destruída e a que as pessoas não vejam as suas
atividades económicas, profissionais e os seus postos de trabalho postos em causa. É fundamental garantir
isto!
Todos reconhecem que as medidas postas em prática em março e em abril não eram repetíveis pelas suas
consequências dramáticas no nosso tecido económico, nos postos de trabalho, e pela lesão que provocaram
nas condições de vida de muitas pessoas. Portanto, é necessário que as medidas sejam, de facto,
equilibradas, por forma a garantir também a subsistência das atividades económicas, a garantia dos postos de
trabalho e dos direitos de quem trabalha.
Se há medidas tomadas que são compreensíveis, há outras que não o são. Há medidas que continuam a
ser incompreensíveis para a maioria da população, para nós, e cuja eficácia não está minimamente
demonstrada. Estamos a referir-nos, designadamente, aos horários da restauração, não se compreendendo a
razão de ser daquela limitação horária, tal como não se compreende a razão de ser de restrições feitas aos
horários de atividades comerciais que concentram o máximo de pessoas num número muito reduzido de
horas. Portanto, aumenta-se a concentração de pessoas quando seria necessário diversificar os horários de
afluência a essas atividades.
Repetimos: consideramos que, de facto, a indispensabilidade de medidas dispensaria a declaração do
estado de emergência e quer parecer-nos que o balanço que tem vindo a ser feito da sua aplicação comprova
esta nossa convicção.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Aquando do debate da renovação do estado de emergência cujo Relatório estamos agora a discutir, o Bloco de
Esquerda deixou bem claro quais deveriam ser as prioridades durante a vigência deste estado de emergência.
A primeira prioridade era apoiar aqueles e aquelas que ficaram sem nada, porque esta crise sanitária também
é uma crise económica e social, a segunda era a proteção do emprego e a terceira era o reforço do Serviço
Nacional de Saúde.
Durante a vigência do estado de emergência que estamos a analisar, trata-se de saber se o Governo
concretizou alguma destas prioridades. Não, não concretizou essas prioridades! Tentou, ao menos, fazer
alguma concretização dessas prioridades? Não, não tentou sequer fazê-lo! Dou alguns exemplos.
No final de dezembro, soube-se que milhares de trabalhadores a recibos verdes, sem qualquer rendimento
por o terem perdido durante a crise, aguardavam, há meses, um apoio que lhes era devido mas que o
Governo não concedeu. Portanto, o Governo não cuidou de apoiar aqueles que tudo perderam com a crise.
Quanto ao segundo exemplo, também do final de dezembro, soubemos que a Galp anunciou o
despedimento de centenas de trabalhadores depois de ter generosamente distribuído dividendos milionários