I SÉRIE — NÚMERO 34
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como forma de enquadrar restrições a direitos, liberdades e garantias. É isso que estamos a discutir, é isso
que estamos a apresentar.
Para aqueles que nos referem que a utilização que fizemos do estado de emergência foi excessiva ou
desnecessária, gostávamos de referir que temos hoje uma situação epidemiológica que mostra bem a
necessidade do recurso a mecanismos excecionais que enquadrem as restrições que precisamos de realizar
para proteger a saúde de todos.
Quando nos perguntam o que fizemos com este estado de emergência, gostava de recordar que foi
possível, graças a este estado de emergência, desde logo, utilizar um conjunto alargado de profissionais para
a recuperação dos inquéritos epidemiológicos, essenciais à identificação precoce de casos e à quebra das
cadeias de transmissão.
Mas não estamos hoje a discutir outros aspetos, em relação aos quais gostaremos muito de cá voltar para
esclarecer. Não estamos a discutir alguns aspetos que os Srs. Deputados invocaram e é preciso ter isso
presente.
Este Relatório não fala nem da app STAYAWAY COVID, nem da nova variante. Estão a falar de um outro
relatório, Srs. Deputados! Estão a falar de um relatório que nós, ao abrigo da transparência, também enviamos
quinzenalmente aos partidos,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Está a brincar connosco?! Ó Sr.ª Ministra!…
A Sr.ª Ministra da Saúde: — … mas não deste Relatório sobre a Aplicação da Declaração de Estado de Emergência, onde não estão as informações que referiram a propósito do Relatório que estamos agora a
discutir.
Quanto aos efeitos científicos das medidas, não estou a pôr ordem na discussão, para que os portugueses
que nos estão a ouvir entendam com transparência aquilo que estamos a discutir: estamos a discutir a
utilização de um mecanismo excecional, que utilizamos com proporcionalidade, com contenção e com grande
sentido de responsabilidade, para restringir os direitos, as liberdades e as garantias dos portugueses e para
salvaguardar a saúde pública, num contexto especialmente agressivo.
Aplausos do PS.
Gostava de vos dizer o seguinte, ainda a este propósito: no período em questão, como já foi referido,
realizámos o maior número de testes alguma vez realizado no Serviço Nacional de Saúde. Foram realizados
59 000 testes no dia 23 de dezembro. Em dezembro, a rede laboratorial realizou mais de um milhão de testes.
Portanto, não baixámos esta guarda, como não baixámos a guarda na contratação de recursos humanos.
Havia, em novembro, mais 425 médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde do que em novembro do
ano anterior.
A razão de ser última da nossa ação, neste momento, foi a de preparar o plano de vacinação, aquele que
tão bem está a funcionar e que permitiu que Portugal continental já tivesse recebido 140 400 doses de
vacinas, já tivesse distribuído 66 700 doses e já tivesse administrado, até ontem, às 17 horas e 30 minutos, 42
035 doses de vacinas.
É para isso que cá estamos e vamos continuar a estar, para isso mesmo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Chegámos, assim, ao final deste primeiro ponto da nossa ordem de trabalhos, que tratou da apresentação e da discussão do Relatório sobre a Aplicação da Declaração do Estado de
Emergência no período de 9 a 23 de dezembro de 2020.
Vamos passar ao segundo ponto da nossa ordem de trabalhos, que trata do debate sobre o pedido de
autorização da renovação do estado de emergência.
Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PS, o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, para uma
intervenção.
Antes disso, aproveito para cumprimentar o Sr. Primeiro-Ministro e desejar um bom ano.