9 DE JANEIRO DE 2021
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que nunca —, nas instalações do Serviço Nacional de Saúde. É que não podemos ignorar os utentes e os seus
acompanhantes que, em situações complicadas, de angústia, se não têm profissionais que lhes deem a
informação, se não têm profissionais em número suficiente para fazer o acompanhamento como deve ser feito
— tanto ao utente como ao acompanhante — podem também gerar situações de violência e de agressão. E é
bom que não se ignore esta situação e que seja feito esse investimento, tanto em profissionais como em
instalações.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PCP. Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por cumprimentar e saudar os mais de 7700 subscritores que assinaram a petição.
Certamente que todos os profissionais de saúde se reveem na necessidade de combater este flagelo, que
não é novo e que tem vindo a agravar-se. São, pois, necessárias medidas urgentes para prevenir e evitar a
violência sobre os profissionais de saúde, de forma a reduzir eficazmente a agressão física e psicológica a que
estão sujeitos nos seus locais de trabalho.
Permitam-me os Srs. Peticionários que me refira à audição realizada no dia 6 de março de 2020. Nessa
audição, os primeiros subscritores da petição afirmaram, claramente, que esta petição tinha como propósito
alertar para as insuficiências do Serviço Nacional de Saúde, alertar para a falta de condições dos profissionais
de saúde nos respetivos locais de trabalho, para a falta de tempo para assistir e atender os doentes, para os
longos períodos de espera destes, não só no atendimento nas consultas, como também na realização de
exames; apontaram ainda para as condições económicas agravadas dos utentes, muitos com situações
humanas dramáticas, num estado de exaustão geral que é estrutural e que parece motivar estes atos.
Srs. Deputados, estes alertas, não constantes no texto da petição, apontam para importantes dimensões e
causas da violência sobre os profissionais de saúde que é preciso combater.
Os profissionais de saúde são, muitas vezes injustamente, o alvo do descontentamento pelas dificuldades
de resposta dos serviços de saúde. Os profissionais de saúde são, muitas vezes, responsabilizados pela
existência de situações de rutura dos serviços que levam a elevados tempos de espera e à degradação da
qualidade dos cuidados de saúde, quando, na realidade, essa responsabilidade não é sua.
Aliás, os profissionais de saúde são os primeiros a lutar e a exigir melhores condições para o exercício da
sua atividade com elevados padrões de qualidade.
Os primeiros responsáveis pelo risco a que os profissionais de saúde estão expostos são os sucessivos
Governos que promoveram o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, a começar pela deficiente dotação
de recursos humanos, pela degradação de equipamentos e edifícios, pela degradação das respostas, pela falta
de articulação entre os diversos serviços e níveis de cuidados, pela ausência de condições de segurança e
saúde nos locais de trabalho, tudo dimensões que conduzem a situações onde aqueles que estão na linha da
frente — como sempre estiveram — são os alvos fáceis da incompreensão e dos elevados níveis de ansiedade
que surgem em alguns utentes e que resultam em deploráveis situações de violência física e verbal, decorrentes
de comportamentos agressivos que veementemente repudiamos.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, esta realidade não pode ser ignorada e é consciente dela que o PCP
apresenta um projeto de resolução que recomenda ao Governo a adoção de um plano de prevenção da violência
contra os profissionais de saúde nos locais de trabalho.
Devemos exigir ao Governo a adoção de medidas que protejam os profissionais de saúde nos seus locais
de trabalho. Entendemos que tudo deve ser feito para que sejam criadas todas as condições que garantam a
prestação de cuidados de saúde e de qualidade a todos os utentes. Medidas como a elaboração de planos de
segurança e saúde ocupacionais, que integrem a prevenção da violência contra profissionais de saúde e a
implementação de serviços de segurança e saúde no trabalho em todos os estabelecimentos de saúde; a
dotação dos serviços de profissionais de saúde em número adequado e seguro, por forma a reduzir os tempos
de espera; a disponibilidade, nas salas de espera, de profissionais de saúde especificamente dedicados à
informação, esclarecimento e redução da ansiedade dos utentes e familiares a aguardar o atendimento; o