I SÉRIE — NÚMERO 40
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abertura do Governo para passar para junho o exame dos médicos internos que, neste ano, chegam ao fim da
sua especialidade?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Ministra da Saúde. Com as minhas saudações, Sr.ª Ministra, faça favor.
A Sr.ª Ministra da Saúde (Marta Temido): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o calendário da realização de exames está intimamente ligado ao calendário de contratação, e o calendário de contratação
para o ano de 2021 foi fixado por esta Casa. Por isso, procuraremos cumpri-lo, garantindo, escrupulosamente,
o melhor aproveitamento da força de trabalho médico que se vai formando em cada ano, para a sua captação
para o Serviço Nacional de Saúde e, designadamente, para a atribuição de médicos de especialidade
hospitalar e da especialidade de Medicina Geral aos portugueses. É um equilíbrio difícil o de garantir o tempo
para estudar e para o aproveitamento dessa capacidade, mas, neste momento, os calendários estão definidos.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, continuo a considerar que esse artigo não diz respeito aos médicos que foram referidos na minha pergunta. Quando muito, poderia fazer-lhe chegar uma
cópia do artigo, mas a Sr.ª Ministra também o conhece, com certeza.
O Sr. Primeiro-Ministro afirmou ontem que a requisição civil no setor da saúde será usada se e quando
necessária, mas que o Governo privilegia soluções de acordo, e até lembrou, e bem, que, também nesta
matéria, o estado de emergência nem é necessário, pois esta faculdade está prevista na Lei de Bases da
Proteção Civil.
Pelo que percebemos, esta requisição civil ainda não ocorreu, porque até agora tem havido acordo com as
instituições de saúde privadas. E o que nos parece é que esses acordos têm sido insuficientes para dar
resposta àquilo que é fundamental.
Ainda assim, parece-nos que seria conveniente que os portugueses tivessem conhecimento de um
elemento importante nestes acordos, porque seria absolutamente imoral que, numa altura em que a
generalidade dos portugueses está a perder rendimentos, esses acordos permitissem um acumular de lucros
para o setor privado da saúde. Aliás, até consideramos que seria absolutamente imperioso garantir que o
custo para o Estado, no âmbito desses acordos, não fuja do preço justo. E o preço justo, na perspetiva de Os
Verdes, não pode incluir lucros para o setor privado do setor da saúde.
Por isso, consideramos que seria importante que o Sr. Primeiro-Ministro se pronunciasse sobre os termos
destes acordos, em particular no que diz respeito aos encargos para o Estado, nomeadamente se vão, ou não,
para lá do preço justo ou, então, se pretendem também contribuir para engordar os lucros da saúde.
Sr. Primeiro-Ministro, Os Verdes, na última reunião que tiveram com o Governo, manifestaram uma
preocupação muito séria, que tinha a ver com os custos de energia para as pessoas que estão confinadas em
casa e que, face ao rigor deste inverno, vão fazer subir exponencialmente a fatura da luz e do gás.
O Sr. Primeiro-Ministro mostrou-se disponível para analisar a questão, pelo que gostaríamos de saber em
que pé está essa hipótese, que, a nosso ver, tem muita importância para que se protejam os idosos e as
crianças do frio e das doenças, mas também para não se sobrecarregar ainda mais o Serviço Nacional de
Saúde.
Por fim, Sr. Primeiro-Ministro, e como a vida não é só COVID-19, vou abordar uma questão fora desse
âmbito, que tem a ver com a localização do novo aeroporto de Lisboa.
Sr. Primeiro-Ministro, esta Assembleia aprovou, em sede de Orçamento do Estado, uma proposta de Os
Verdes para que o Governo promova a realização de uma avaliação ambiental estratégica, com vista a aferir
as diversas opções de localização de respostas aeroportuárias.
Ora, considerando que o Governo assumiu compromissos com a Vinci para a construção de um novo
aeroporto no Montijo, face ao novo quadro legal, queria perguntar-lhe que diligências foram já desenvolvidas
pelo Governo no sentido de preparar essa avaliação ambiental estratégica e se, pelo menos, o Governo já
notificou, formalmente, a Vinci do novo quadro legal saído do Orçamento do Estado para 2021.