20 DE JANEIRO DE 2021
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O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já terminar, Sr. Presidente. A carta tinha dois factos que não eram verdadeiros. O Sr. Deputado diz que foi mentira, mas a informação
que tenho só me permite dizer que foram dois lapsos. Assim que tivemos conhecimento desses dois lapsos,
de imediato a Sr.ª Ministra da Justiça escreveu ao Conselho Europeu dando conta dos mesmos.
O Conselho Europeu fez ontem, no órgão próprio, a avaliação dessa situação e deu o caso por encerrado.
Se os senhores estão tão interessados no caso, peçam ao Conselho Europeu a documentação relativa à
apreciação que foi feita.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, por último, o Sr. Ministro da Administração Interna agiu como lhe compete agir: perante uma acusação gravíssima de um homicídio cometido em instalações policiais, por
parte das forças policiais, instaurou um inquérito. Não fez julgamentos a priori,…
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, peço-lhe para concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … respeitou a presunção de inocência, protegeu a instituição e, assim que o inquérito apurou a gravidade, agiu imediatamente, punindo quem tinha de punir e transmitindo ao Ministério
Público aquilo que o próprio Ministério Público ainda não tinha detetado na investigação a que tinha procedido.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PAN, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real para formular perguntas.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, nesta segunda ronda do debate gostaria de começar por uma questão que nos convoca,
precisamente, para o Sr. Ministro da Administração Interna.
A par desta crise sanitária profunda que estamos a viver, também estamos a atravessar um processo
eleitoral, e quando tomámos conhecimento do boletim eleitoral — uma espécie de boletim eleitoral —, do qual
consta um candidato que apresentou apenas 11 assinaturas e que encabeça a lista de candidatos, achámos
que, se calhar, estávamos perante uma piada de mau gosto. Mas, neste domingo, constatámos que,
efetivamente, constava do boletim eleitoral. E isto podemos agradecer ao Sr. Ministro da Administração
Interna, que parece continuar de pedra e cal no Governo,…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Claro!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): —… apesar de, falha após falha, não assumir qualquer responsabilidade política, colocando-nos agora no anedotário eleitoral.
O Sr. Ministro até sabe que nutrimos muita simpatia pela poupança de recursos, mas parece-nos que,
daquilo que se espera de um Estado de direito democrático, isto é um erro grave e que gera confusão nos
eleitores. Só não vamos ter a perceção do impacto desta questão porque esses vão ser votos considerados
nulos.
Para além desta questão, Sr. Ministro, há outras em torno deste processo eleitoral que têm corrido
atabalhoadamente. Falo, por exemplo, da possibilidade de voto em mobilidade antecipada. Bem sabemos que
esta medida tem a sua bondade — isso não está em causa —, mas não se permitiu, por exemplo, a inscrição
por telefone, vedando-se, assim, o acesso a muitas pessoas. Também não se permitiu que as pessoas que
esta semana estão em isolamento profilático, as que hoje fiquem doentes ou as que ontem, por exemplo,