I SÉRIE — NÚMERO 40
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Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Passamos, agora, ao Grupo Parlamentar do CDS-PP, pelo que dou a palavra ao Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, muito obrigado. Sr. Primeiro-Ministro, retomando o que lhe disse há pouco, gosto especialmente de uma cultura política em
que cada um assume as responsabilidades que tem e não mais do as responsabilidades que tem.
O Sr. Primeiro-Ministro dizia-me há pouco: «quem conduz sou eu; os outros dão palpites…». Bom, é
verdade, Sr. Primeiro-Ministro, mas o que me parece – e já lho tenho dito várias vezes – é que a sua condução
pode ter sido imprudente, e mantenho essa ideia.
E digo imprudente por uma razão simples: o Sr. Primeiro-Ministro, muitas vezes, entre ser popular e ser
prudente escolhe a primeira, e quando escolhe a primeira comete erros, comete imprudências e, depois, não
vale a pena dizer, quando as coisas…
Era o que o Sr. Primeiro Ministro dizia: «a grande decisão foi fechar as escolas em março». Já nos disse
isso aqui! Da outra vez que aqui esteve disse: «o aumento de mortes foi por causa do calor…». Isto quando
aqui veio no fim do verão. Agora, vem aqui no inverno e eu já ouvi o Governo assumir que foi por causa do
frio… Não se pode dizer tudo e o seu contrário!
Há uma coisa, Sr. Primeiro-Ministro, que me parece muito importante: o Sr. Primeiro-Ministro, quando as
coisas estão a correr melhor, diz que «o Governo fez bem, eu fiz bem…», isto para já não falar dos elogios do
seu grupo parlamentar. Quando as coisas estão a correr mal, aí a responsabilidade já não é do Governo, é de
todos! De todos os que vão no carro… Não pode ser, Sr. Primeiro-Ministro! Há várias imprudências que foram
cometidas.
Na questão da vacinação, tomo boa nota do que nos disse e espero que se verifique, como é evidente, que
não haja risco, mas chamo-lhe a atenção para que se alargar a primeira toma sem ter a garantia do stock para
a segunda pode haver aqui um risco. Por isso, chamo-lhe a atenção para o documento que entreguei na
bancada do Governo em que a Pfizer, ela própria, assume a responsabilidade em relação a 21 dias,
independentemente do que diz a EMA.
Há outras situações em que a questão ideológica, aparentemente, parece querer sobrepor-se a tudo o
resto, o que não faz nenhum sentido, Sr. Primeiro-Ministro. O problema aqui é da condução, é da velocidade,
é da organização da viagem, é do planeamento, e uma demonstração clara de que o problema é do
planeamento é, por exemplo, o que aconteceu em relação aos privados.
Na verdade, Sr. Primeiro-Ministro, para além desta falsa questão ideológica, o Governo, em março e em
abril, assumiu, mais do que uma vez, pela voz da Sr.ª Ministra da Saúde, que o SNS era autossuficiente,
quando efetivamente não era. Depois, Sr. Primeiro-Ministro, só em outubro é que os senhores começaram a
procurar à séria algum apoio dos privados, porque aí é que a situação estava efetivamente grave. Mas os
privados nunca se negaram a essa ajuda nem a essa contratualização.
Dou-lhe um exemplo muito óbvio: no plano para o outono e inverno, apresentado pela Direção-Geral de
Saúde, onde é que estão os privados? Não estão! Não foram tidos em conta e já deviam ter sido. Era, mais
uma vez, Sr. Primeiro-Ministro, uma questão de planeamento e de diálogo.
Quer dizer, o Bloco de Esquerda, para se contentar a ele próprio, naquela ideia de que vão atacar os
privados e que vão roubar as coisas, etc., diz que é preciso requisitar o que está nos privados. Mas requisitar o
quê? Os privados também estão cheios, e o Sr. Primeiro-Ministro sabe disso! Vão pôr doentes fora para pôr lá
outros?! Não faz muito sentido! O que é preciso é contratualizar camas que ainda possam ser disponibilizadas,
ou seja, planear para que algumas intervenções menos urgentes possam ser alteradas para fazer outras.
Já agora, Sr. Primeiro-Ministro, também não me faz muito sentido por exemplo, que a vacinação não
chegue aos médicos dos privados também, porque, como diz a Ordem dos Médicos, e bem, esses médicos
não estão a brincar, estão a tratar doentes e estão a ter uma função importante. Na vacinação não deveria
haver nenhuma discriminação, na minha opinião — aliás, a vacinação ainda só chegou a três privados, até
agora, quando já foi bastante ampla no público.
Por último, Sr. Primeiro-Ministro, ainda dentro desta ideia e desta tese de responsabilidade, quero dizer-lhe
o seguinte: o Sr. Primeiro-Ministro já tentou aqui explicar qual era o critério, se era o Conselho Superior da