I SÉRIE — NÚMERO 40
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nem paralaboral, nem sequer comercial, no desenvolvimento dessa atividade. Portanto, uma das dificuldades
que todos temos tido, desde março até agora, é procurar encontrar uma forma que seja socialmente justa, que
respeite quem ao longo da sua vida contribuiu e que, ao mesmo tempo, não deixe de amparar quem de
repente se viu privado dos seus rendimentos.
Há casos gravíssimos, como todos sabemos, de pessoas que tinham a legítima expetativa de, através das
atividades que desenvolviam, usufruir de uma tipologia de rendimentos que, de repente, desabou. Veja, por
exemplo, o setor da cultura, em que nalguns momentos as atividades estiveram fechadas, noutros momentos,
já estando abertas, as pessoas tiveram receio e houve menor procura, ou foram reabertas as atividades mas
com uma tal imposição de restrições ao funcionamento e à lotação que tornam, obviamente, esse rendimento
muito difícil.
Portanto, tem sido um exercício muito grande de imaginação de todos, reconheço, o esforço para
conseguirmos encontrar respostas.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente. A verdade é que, desde o início desta crise, a segurança social já apoiou mais de 2 milhões e 400 mil
pessoas através das mais diversas modalidades.
Por isso é que o Orçamento do Estado para 2021 deu um passo da maior importância quanto ao subsídio
de desemprego, colocando o mínimo do subsídio de desemprego ao nível do limiar da pobreza, o que é uma
mudança estrutural da maior importância,…
Aplausos do PS.
… alterou as regras do subsídio social e, sobretudo, criou uma prestação social extraordinária que procura
responder a muitas e muitas dessas situações, o que também criámos no passado e já pagámos a mais de 21
000 pessoas dos chamados trabalhadores informais em cujo processo de apuramento foi muito mais difícil de
provar as quebras de faturação, porque não havia faturação. Mas já foram pagos a mais de 21 000 pessoas,
Sr.ª Deputada.
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, o esforço que tem vindo a ser feito é muito grande e, ao contrário do que disse, a nova prestação social que consta do Orçamento do Estado responde a estas situações. O que
fazia era sujeitá-las a uma condição de recurso e agora fazêmo-lo sem sujeitar a condição de recurso, porque
agora estamos numa situação extraordinária, dado que foi o Estado a impor o encerramento da atividade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quero insistir nalgumas questões que já foram referidas pelo meu camarada Jerónimo de Sousa, na primeira ronda.
Começando pelas questões relacionadas com a saúde, queria voltar à questão da vacinação.
Sr. Primeiro-Ministro, a questão que colocamos hoje não é a de saber se há ou não há vantagem em cada
país adquirir por si as vacinas ou adquiri-las todas em conjunto. A questão que se coloca hoje é a de saber
como é que Portugal vai lidar com as limitações que se estão agora a conhecer relativamente às condições em
que foram adquiridas as vacinas pela União Europeia e das quais, naturalmente, depende o cumprimento dos
objetivos de vacinação que foram definidos em Portugal.
O problema que se coloca hoje não é difícil de enquadrar. Se as empresas responsáveis pelo fornecimento
das vacinas aprovadas pela União Europeia não têm capacidade de produção suficiente face aos objetivos
que tinham sido identificados, se essas farmacêuticas se recusam a subcontratar a produção da vacina ou a