20 DE JANEIRO DE 2021
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turmas em confinamento, há tantos alunos em confinamento e que não têm resposta nenhuma, neste
momento. Porque é que o regime misto não está já a ser aplicado em muitas escolas? Nós conhecemos uma,
pelo menos, em que está e em que não há nenhuma turma em isolamento, que é o caso da António Arroio.
Conhecemos outras escolas, muito pertinho, também aqui em Lisboa — por exemplo, o Camões —, em que
há 10 turmas em isolamento. Todos os jovens destas turmas que estão em isolamento e em confinamento
ficam sem nenhum acompanhamento.
Portanto, a pergunta é esta: porque é que não se avançou para estas soluções, que foram preparadas logo
no início do ano letivo? Ainda bem que se avança com os rastreios, que, como sabe, são algo que o Bloco de
Esquerda defende há muito tempo. Mas, se o Ministério da Educação tinha preparado vários regimes, porque
não avançar com o que foi decidido no início do ano letivo, num momento em que as escolas estão já com
tantas dificuldades?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, primeiro, relativamente aos assistentes operacionais: na anterior Legislatura, foram contratados mais 4000 assistentes operacionais,
assistentes técnicos, assistentes técnicos especializados; na presente Legislatura, o reforço ascende já a mais
8000; em setembro, iniciou-se o processo de contratação de 1500; em outubro, como se recordará, foi
publicada a nova portaria de rácios, que previa a contratação de mais 3000, e, na lei do Orçamento do Estado
para este ano, está prevista a contratação de mais 2000, a acrescer aos 3000 cujo processo de contratação se
havia iniciado precisamente no mês anterior; e, para além dos assistentes operacionais, estão abertos
concursos para mais 950 técnicos especializados, no âmbito dos Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social
e Comunitário. Portanto, esse reforço do pessoal escolar não docente tem sido e vai continuar a ser
absolutamente fundamental para as escolas poderem funcionar.
Tive a oportunidade de dizer qual é a situação concreta que temos, neste momento: no conjunto das 5400
escolas, só 13 estão encerradas por existência de surtos; dos 1 milhão e 140 mil alunos, só 39 736 é que
estão em regime não presencial, o que não quer dizer que estejam doentes; e não existem escolas no regime
misto uma vez que esta tipologia só se aplica a turmas e o que tem sucedido é o isolamento de casos dentro
da turma, tendo a escola a responsabilidade de continuar a oferta educativa para os demais alunos dessa
turma. Portanto, no fundo, a resposta é esta: ainda não utilizámos o regime misto porque ainda não foi
necessário utilizá-lo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, lembro que anunciar concursos ou vagas não significa que, depois, haja trabalhadores a ocupar essas vagas.
Temos um enorme problema nas escolas, desde logo porque estamos a pedir às pessoas para irem
trabalhar com contratos de um mês e a ganhar o salário mínimo nacional. Aliás, chamo a sua atenção para o
estudo europeu que saiu no final do ano passado e que diz que Portugal é dos países em que quem tem
funções de assistência social e de educação, etc., ganha menos dinheiro e é mais precário.
É por isso que falta gente nas escolas, nos hospitais ou nos lares: não se pode oferecer a pessoas de
quem precisamos todos os dias na linha da frente o salário mínimo nacional e vínculos precários. Era mesmo
preciso tomar uma grande decisão, a decisão de dizer que quem está nas escolas todos os dias, a assegurar
que elas estão abertas, quem se disponibiliza para estar nos lares, a trabalhar e a apoiar os mais velhos,
quem pode estar a fazer com que os hospitais e os centros de saúde abram as portas todos os dias e estejam
higienizados tem de ter salários e carreiras condignos. E, Sr. Primeiro-Ministro, não é cedo demais para o
fazer, é já tarde! Precisamos mesmo de gente nas escolas.