I SÉRIE — NÚMERO 40
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serem concluídos num prazo de entre 48 e 72 horas, de forma a podermos responder o mais rapidamente
possível a esta necessidade.
Para isso, temos vindo a contar com a mobilização dos militares das Forças Armadas e de outros
profissionais de saúde e não tenho a menor das dúvidas de que é absolutamente indispensável vencer receios
e pôr efetivamente a trabalhar neste esforço de recenseamento, como a lei prevê e como a lei permite, vários
funcionários públicos que, neste momento, estejam em confinamento domiciliário ou possam ser dispensados
para esta função, como professores…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que, por razões de saúde, não estejam a desempenhar atividades letivas e estejam disponíveis para desenvolver este trabalho. Aqui, não podemos ter qualquer tipo de preconceito e
temos mesmo de ser capazes de mobilizar todos os recursos para este esforço de rastreamento, acelerando
essa capacidade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, registo como sensata a ideia de que, no momento em que estamos a combater uma pandemia, é importante não criar conflitos e conseguir soluções
por acordo.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, os grandes grupos privados da saúde querem fazer lucro à conta da pandemia.
Poder-se-á dizer que essa pretensão é legítima, só que cabe ao Governo impor regras que protejam toda a
gente. Como o Sr. Primeiro-Ministro diz, na verdade, foi muito mais o setor social do que o privado a aceitar
fazer acordos.
Como vemos pelos números, depois de todos estes meses, o setor privado, que tem mais de 11 300
camas, apenas aceitou, por acordo, pôr à disposição do País 880 camas e, dessas, só 80 para COVID, ou
seja, menos de 8%. Não há razoabilidade no setor privado da saúde! Os grandes hospitais querem fazer
negócio.
Sr. Primeiro-Ministro, é necessário proteger o SNS e os utentes. Os profissionais estão exaustos e há
muitos utentes que precisam de tratamentos prioritários e que estão desesperados. Por isso, o apelo que lhe
deixo é para que não espere pela rutura do SNS para requisitar os privados. Faça-o já! Evite a rutura do SNS,
chame à responsabilidade os grandes grupos privados da saúde, porque todos somos chamados, neste
momento.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, queria falar-lhe também sobre as escolas. Sabe que estamos de acordo que as escolas são fundamentais — então nos anos mais jovens são fundamentais para o
desenvolvimento — e fechá-las tem um dano muito difícil. Registo que disse que a situação pode ter de
mudar, de acordo com a evolução epidemiológica. É verdade e a sensatez exige que a ciência conduza essas
decisões.
Mas pergunto-me se não se pode fazer já mais pelas escolas, porque não basta dizer que as queremos
abertas. Neste momento, está muito complicada a gestão da vida das escolas, nomeadamente nos ciclos de
crianças e jovens mais velhos, do 3.º ciclo e do ensino secundário, onde mais decisões podem ser tomadas.
Sr. Primeiro-Ministro, há imensos assistentes operacionais que, com o aumento dos casos em todo o País,
estão em isolamento profilático, o que significa que há escolas que estão a ser obrigadas a encerrar porque
não têm assistentes operacionais. Não podemos nós, desde já, reforçar as escolas com pessoal?
Tenho uma outra pergunta. O Ministério da Educação disse, no início do ano letivo, que era necessário
preparar as escolas para os vários regimes: regime presencial, regime misto, regime à distância. Há tantas