20 DE JANEIRO DE 2021
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habitações. Recentemente, correram o País imagens de crianças que estavam a estudar, na escola, cobertas
com mantas, precisamente pelo frio que se fazia sentir.
Sr. Primeiro-Ministro, por força do contexto sanitário em que vivemos, a opção para estas famílias e para
estas crianças não pode ser a de deixarem a janela aberta para ventilar, para que não haja contágio de
COVID-19 e, em alternativa, poderem apanhar uma gripe ou até mesmo uma pneumonia.
Sr. Primeiro-Ministro, o que nos parece fundamental perceber — até porque os contextos pedagógicos não
apresentam a mesma capacidade de aprendizagem se não houver conforto térmico nas salas de aulas — é se
não pondera haver uma maior adequação das medidas, não apenas em razão das faixas etárias, como já o
ouvimos referir, mas também em função das condições e do contexto do parque escolar. Parece-nos
absolutamente fundamental que esta matéria seja repensada para que as crianças não estejam sujeitas a esta
questão.
Como referi, as escolas também não são, única e exclusivamente, o problema em relação à pobreza
energética.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Concluo já, Sr. Presidente. Temos 2 milhões de pessoas a viver no nosso País em pobreza energética, que estão agora confinadas, e
precisamos de perceber que caminho vai o Sr. Primeiro-Ministro apontar para que a dita «bazuca europeia»
corrija os problemas estruturais que persistem, seja os dos portugueses que continuam a viver em pobreza, os
das pessoas que estão em situação de sem-abrigo ou até mesmo os daqueles que moram em bairros
municipais, como o Bairro do Portugal Novo, que o Sr. Primeiro-Ministro tanto conhece, e que não têm sequer
energia em casa para se aquecerem.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, costumo dizer que há uma regra fundamental do direito que está mesmo acima da Constituição, que é a regra do bom senso. Esta regra
recomenda que quando olhamos para uma norma, uma indicação ou uma orientação a olhemos com bom
senso.
Houve, de facto, uma orientação dada em julho, pela Direção-Geral da Saúde, no sentido de que, para
segurança das crianças e dos docentes, era necessário manter arejadas as salas de aula, recomendando,
designadamente, a abertura de janelas. Hoje, já há uma nova orientação, explicando que, sempre que as
condições climatéricas recomendem o encerramento das janelas, o arejamento deva ser feito de outra forma,
aproveitando, por exemplo, os momentos de intervalo.
Creio que é razoavelmente compreensível, primeiro, que é fundamental manter as salas o mais arejadas
possível; e, segundo, que a forma de arejar em julho deve tender a ser diferente da forma de arejar em
dezembro. Pronto, acho que é isto! Em cada circunstância, as pessoas saberão qual o melhor modo de
proceder ao arejamento. É assim que também fazemos nas nossas casas, seguramente, e é assim que se
deve fazer em todos os locais.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes, para formular perguntas.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, parece-me que a resposta à questão que lhe coloquei na primeira ronda não era assim tão simples, porque o artigo 278.º do Orçamento do
Estado refere-se aos médicos de família e o n.º 4, que o Sr. Primeiro-Ministro referiu, diz respeito,
expressamente e só, a médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar. Mas a minha pergunta era sobre
os médicos de especialidade hospitalar e, portanto, da leitura que fazemos do referido artigo do Orçamento do
Estado, este nada tem que ver com a pergunta que lhe fiz, pelo que insisto na mesma questão: há, ou não,