I SÉRIE — NÚMERO 41
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Estamos, assim, de acordo com as propostas que Os Verdes trazem hoje, novamente, a debate.
Na proposta de Os Verdes, o corte do financiamento público limita-se às culturas permanentes intensivas,
pelo que peço o seguinte esclarecimento: concordam Os Verdes que é também necessário tomar esta medida
para outros sistemas de produção intensivos, em monocultura e com elevado consumo de adubos e pesticidas?
Quais falsos avestruzes, a direita e o Partido Socialista «metem a cabeça na areia» e fingem não ver a
realidade…
Protestos do Deputado do PS Norberto Patinho.
… ou seja, a transformação abusiva da paisagem, a usurpação de recursos hídricos, a chacina anual de
milhares de aves migratórias, a destruição de património. Nada os demove e o regabofe continua! Dos olivais
do Alqueva às estufas da Costa Vicentina, cresce a consciência popular de que, em roda livre, esta atividade
destrói a coesão territorial, na sombra de apoios comunitários e nacionais e ao arrepio do interesse público.
O Bloco está solidário com todas estas pessoas. Este é o Parlamento que pode decidir empenhar-se no
combate às alterações climáticas e na construção de um território coeso e resiliente.
Por isso, o Bloco de Esquerda agendou o debate de um projeto de resolução complementar, de apoio à
agricultura extensiva, que necessita urgentemente de medidas de promoção e de valorização dos seus produtos,
mas também de ver reconhecidos os muitos serviços de ecossistema que prestam e que são essenciais para o
nosso futuro comum, pois não basta colocar um carimbo no rótulo, embora concordemos com a proposta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Dou, agora, a palavra ao Sr. Deputado do PSD João Moura, para
uma intervenção.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Moura (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de me pronunciar sobre os projetos de
resolução e os projetos de lei que estão em apreço, é importante que refira que o PSD apresentou um projeto
de resolução que valoriza o olival tradicional.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. João Moura (PSD): — E fazemo-lo porque preferimos valorizar a discriminação positiva do que fazer
discriminação negativa das modalidades de agricultura.
Hoje, somos chamados a pronunciar-nos sobre diferentes projetos de lei e diferentes projetos de resolução,
supostamente alguns sobre o olival tradicional, mas não se esgotam aí, porque a valorização deste olival tem
sempre a discriminação negativa de um outro tipo de olival, o olival intensivo.
Portugal é o nono país com maior área de olival no mundo e é o sétimo produtor de azeite do mundo. Portugal
é considerado internacionalmente o país que tem os melhores recursos para produzir de forma eficiente este
produto.
São eles a dimensão das explorações, a disponibilidade de água, o momento de maturação do fruto, as
características inovadoras das explorações, o elevado nível tecnológico dos melhores lagares do mundo e as
condições edafoclimáticas. Esta situação ocorre, sobretudo, na área de influência do projeto do Alqueva,
considerado por muitos o projeto de maior relevância política e agrícola em Portugal.
Portugal investiu no Alqueva cerca de 2,5 mil milhões de euros. Depois, no Alentejo, que tendia para a
desertificação, nasceram olivais intensivos, o chamado olival moderno, aquele que, diga-se a verdade, tem uma
quantidade de plantas por hectare muito acima daquela que é a quantidade de plantas no olival tradicional, e
estamos a falar de 120 para 2000 a 2500 plantas. Como também temos uma cultura intensiva no caso da vinha
— e só dou este exemplo, porque também é uma cultura intensiva —, que tem 3500 plantas por hectare, mas
agora estamos a falar de olival.
O que é que é produzido neste olival intensivo, superintensivo, neste olival moderno? É produzido azeite, e
azeite de elevadíssima qualidade, sendo que 95% deste produto é de qualidade máxima a nível mundial.