I SÉRIE — NÚMERO 41
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Da mesma forma, também não acompanharemos a proposta de Os Verdes de excluir do primeiro e do
segundo pilares da PAC (política agrícola comum) as culturas permanentes. Relembro aos Srs. Deputados a
relevância destes fundos para muitos agricultores, especificamente o setor do olival, que executou 670 milhões
de euros do PDR (Programa de Desenvolvimento Regional).
No CDS, olhamos para a agricultura como uma atividade central na gestão e preservação do território e é
preciso que os agricultores se sintam valorizados e acreditem no futuro da sua atividade, ao contrário do que
fazem estes projetos, que sinalizam uma política de desconfiança sobre a sua atividade.
Finalmente, e sobre a rotulagem, concordamos que é uma ferramenta fundamental no acesso dos
consumidores à informação sobre os géneros alimentícios, para fazer as escolhas de forma consciente e
adequada às necessidades e preferências.
No entanto, as menções que constam da rotulagem não devem ter uma natureza ou qualquer respaldo
ideológico de forma a induzir o comprador em erro, nomeadamente quanto às características do azeite em
causa, conferindo-lhe propriedades que o mesmo não tenha ou, ainda, sugerindo que tem características
especiais que são, afinal, comuns à maior parte dos azeites.
Para tal, a escolha consciente que se pretende, a inclusão de informação que não tem valor científico
comprovável ou que não é descodificável pelo consumidor, não nos parece que cumpra nem o objetivo de
proteção da saúde nem que os consumidores tenham plena consciência dos bens que venham a adquirir, pelo
que também votaremos contra estas iniciativas.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Dou, agora, a palavra, para uma intervenção, ao Sr. Deputado
Norberto Patinho, do PS.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Norberto Patinho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Num ano em que a pandemia foi causa de
uma grave crise económica, o setor agrícola e alimentar demonstrou, mais uma vez, uma grande resiliência,
sendo o único que, no conjunto da economia nacional, registou um crescimento das exportações, mostrando
estar preparado para responder positivamente a uma situação difícil como a que vivemos, contribuindo
decisivamente para o crescimento das exportações.
As exportações de azeite têm crescido de forma muito marcada nos últimos anos, contribuindo de forma
decisiva para o saldo positivo da balança do complexo agroalimentar nacional. Fruto de uma autêntica revolução
que ocorreu no panorama olivícola nacional, assistimos a um aumento da quantidade de azeite produzido e,
sobretudo, a uma melhoria da sua qualidade.
A qualidade do azeite é determinada pela variedade e o grau de maturação das azeitonas, o estado sanitário
dos frutos, o processo de extração, o modo de conservação e a idade do azeite e é verificada e confirmada
através de análises químicas e organoléticas, não sendo exclusiva de qualquer dos sistemas de cultivo do olival.
O azeite é classificado em três grandes categorias: azeite virgem extra, azeite virgem e azeite. A integração
nestes grupos é determinada pela qualidade das azeitonas, pelos processos a que são sujeitas para obter o
azeite, pelo sabor e pelo grau de acidez, entre outros fatores. A qualidade dos nossos azeites não está, em
nada, relacionada com a tipologia do olival.
A fim de garantir a autenticidade do azeite vendido e uma informação de fácil compreensão para o
consumidor, a União Europeia adotou a legislação harmonizada em matéria de composição e comercialização
de azeites, definindo regras legais para a rotulagem das embalagens destinadas ao consumidor final, existindo
menções que são obrigatórias e outras que são facultativas. Essas menções não podem ser de natureza a
induzir o comprador em erro, sugerindo como especiais características que sejam comuns à maior parte dos
azeites. O selo proposto seria um elemento de confusão para o consumidor, pois a designação do azeite é a
seguinte: virgem, virgem extra e lampante.
O tipo de olival não esclarece, em nada, o consumidor sobre a qualidade do produto ou sobre critérios
ambientais ou sociais de produção.
Vozes do PS: — Muito bem!