19 DE FEVEREIRO DE 2021
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reafirma o seu compromisso na mobilização dos meios e das melhores políticas públicas para o enfrentarmos.
A obesidade é um problema grave de saúde pública e devemos mobilizar toda a sociedade para a necessidade
da sua prevenção.
A obesidade é uma doença crónica e complexa e Portugal foi dos primeiros países do mundo a reconhecer
a obesidade como uma doença crónica, em 2004. Os dados do Inquérito Nacional de Saúde 2019 mostram que
53,6% da população adulta portuguesa apresenta excesso de peso e que a obesidade afeta 1,5 milhões de
pessoas. Nesta discussão, não podemos ter a tentação de pretender que partimos do ponto zero. Há um
caminho de medidas que foram sendo adotadas ao longo do tempo e que têm de ser reconhecidas e avaliadas.
Só assim garantimos a capacidade de fazermos melhor e de obtermos melhores resultados.
Portugal iniciou uma nova estratégia de combate à obesidade com a criação da Plataforma Contra a
Obesidade em 2007, cujo foco se centrava na prevenção primária. Esta era uma recomendação da Carta
Europeia da Luta Contra a Obesidade, subscrita por Portugal em 2006. Atualmente, a Direção-Geral da Saúde
tem uma ação sólida no combate à obesidade, baseada em dois programas de saúde prioritários, o Programa
Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável e o Programa Nacional para Promoção da Atividade Física,
que atuam em dois fatores de risco modificáveis da obesidade: hábitos alimentares inadequados e inatividade
física. O Plano Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável implementou, ao longo dos últimos anos,
um conjunto de medidas para melhorar os hábitos alimentares da população portuguesa, tendo como base as
recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Comissão Europeia e a avaliação do estado nutricional
da população portuguesa.
No último relatório, relativo ao período de 2019-2020, é notório um forte investimento na avaliação dos
resultados dessas medidas implementadas, das quais destacamos aqui apenas algumas. A primeira é uma
campanha para a promoção da alimentação saudável intitulada «Comer melhor, uma receita para a vida». A
segunda tem que ver com a definição do perfil nutricional no âmbito da regulação da publicidade alimentar
dirigida a menores de 16 anos. Aqui, é bom realçar que Portugal é dos primeiros países a ter uma lei que regula
a publicidade alimentar dirigida a crianças, na qual, entre outros, são definidos o perfil de alimentos a restringir,
bem como a regulação do marketing digital. A terceira medida é a avaliação do impacto dos impostos especiais
de consumo sobre bebidas açucaradas, que fez parte do Orçamento do Estado para 2019. Por último, temos a
implementação do rastreio nutricional nos cuidados hospitalares.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, há uma área prioritária que também não foi, nem pode deixar de ser,
esquecida, que já foi abordada: a redução das desigualdades em saúde e no acesso a uma alimentação
adequada, na prevalência da obesidade.
Mudou-se o paradigma dos programas de apoio alimentar às pessoas mais carenciadas, com a criação de
cabazes de alimentos saudáveis, no âmbito do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas.
A prevenção secundária também não foi esquecida neste plano. Sabemos que uma grande parte dos casos
de pré-obesidade e de obesidade não está a ser identificada em instituições de saúde, como também já foi
referido.
É, assim, necessário reorganizar os nossos serviços de saúde para aumentar a capacidade de resposta de
diagnóstico e de tratamento da obesidade. É nesse sentido que está a ser desenhado pelo Governo um projeto-
piloto para a implementação do processo assistencial integrado da pré-obesidade, que prevê um modelo de
prestação de cuidados assente na identificação e intervenção precoces na área da obesidade nos cuidados de
saúde primários.
Na área do tratamento, importa realçar o novo modelo de cuidados, os Centros de Responsabilidade
Integrados (CRI), que alguns hospitais estão já a utilizar para a área da obesidade. Este novo modelo poderá
contribuir para o aumento da acessibilidade e para a diminuição dos tempos de resposta.
No âmbito do reforço do SNS, no que toca a recursos humanos, estão em recrutamento 40 nutricionistas,
que também terão um papel fundamental neste combate.
As medidas implementadas ao longo dos últimos anos apresentam já alguns resultados. A diminuição da
obesidade infantil, entre 2008 e 2019, é já um bom indicador destes resultados. A prevalência do excesso de
peso e a obesidade infantil tiveram uma redução de 22% neste período.
Estes resultados são bons e obrigam-nos a continuar a fazer melhor, não apenas o Governo e a Assembleia
da República, mas toda a sociedade: as associações de doentes, que têm tido um papel fundamental, as
escolas, as empresas e, claro, os profissionais de saúde.