19 DE FEVEREIRO DE 2021
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O Sr. Alexandre Poço (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Depois do debate que tivemos, fica
claro que esta doença e este problema necessitam de uma abordagem preventiva e, também, de uma
abordagem a nível do tratamento.
O projeto do PSD é claro quando refere a necessidade de reforçar o tratamento, seja do ponto de vista
farmacológico, seja do ponto de vista cirúrgico, mas também não esquece — na minha intervenção, e no próprio
projeto, a terceira medida é clara — a necessidade de apostar em medidas preventivas.
Aquilo que não podemos fazer, em abono da honestidade com que debatemos este tema e este problema,
é apenas e só elencar todos os programas, todas as estratégias, todas as orientações e medidas que estão no
papel, mas que não têm resultados concretos e práticos. É que, se todos os programas e estratégias e tudo
aquilo que está no papel fosse realidade, não tínhamos um em cada quatro jovens e adolescentes obesos ou
pré-obesos ou um em cada dois portugueses com excesso de peso. Ou seja, algo está a falhar, e essa é a
mensagem que o PSD gostava de trazer a este debate.
Sim, a abordagem tem de ser global. Sim, a abordagem necessita de muito enfoque preventivo e de muito
enfoque nas crianças, nos adolescentes, para que este tema não seja, como é expectável que possa vir a ser,
cada vez mais, uma bomba-relógio geracional. Mas também não podemos ficar apenas satisfeitos com os
programas que já estão em cima da mesa, porque os dados desmentem a possibilidade de estes programas
estarem a ter sucesso. É esse o apelo que o PSD gostava de deixar.
Foi por isso que decidimos trazer a debate este projeto de resolução, pela gravidade do tema, mas, acima
de tudo, porque acredito que há tempo, há capacidade de ação para conseguir resolver este problema, porque,
se nada fizermos, vamos estar a condenar não só jovens e crianças, mas também idosos e adultos a uma vida
com menor qualidade. É por isso que o PSD apresentou esta iniciativa.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Vamos passar ao terceiro ponto da nossa agenda, que trata da discussão, na
generalidade, dos Projetos de Lei n.os 647/XIV/2.ª (BE) — Proteção dos direitos dos trabalhadores da cultura em
crise pandémica e económica em 2021, 663/XIV/2.ª (PAN) — Cria um apoio extraordinário aos equipamentos
culturais e ao setor da cultura, 669/XIV/2.ª (PCP) — Medidas de apoio extraordinário no âmbito cultural e artístico
e 670/XIV/2.ª (Deputada não inscrita Cristina Rodrigues) — Reforça a proteção dos profissionais do setor da
cultura no contexto da COVID-19 juntamente com o Projeto de Resolução n.º 647/XIV/2.ª (PAN) — Recomenda
ao Governo que adote um conjunto de medidas de valorização dos profissionais do setor da cultura e que
assegure que o apoio aos profissionais da cultura abrange todos os trabalhadores das áreas dos espetáculos e
eventos.
Tem a palavra, para abrir o debate, a Sr.ª Deputada Beatriz Gomes Dias, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
A Sr.ª Beatriz Gomes Dias (BE): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: A cultura foi dos
primeiros setores a ser afetado pela pandemia da COVID-19. Os espetáculos foram cancelados, os museus
foram fechados, os cinemas encerrados.
Num setor marcado pela precariedade laboral, pela inexistência de um regime de trabalho e de proteção
social específicos, com estruturas de produção caracterizadas por micro e pequenas empresas, a desproteção
dos trabalhadores é total.
Os apoios desenhados pelo Governo não foram suficientes e não chegam a todas as trabalhadoras e a todos
os trabalhadores.
Trabalhadoras do circo, artesãs, artistas visuais, atores e atrizes, músicos, educadoras, técnicos de várias
especialidades estão há quase um ano sem conseguir trabalhar, estão há quase um ano sem rendimentos,
estão há quase um ano com a vida suspensa, na situação dramática de não saber como pagar as contas, com
muitas pessoas a recorrer a cabazes solidários para sobreviver.
A mobilização das trabalhadoras da cultura, através de manifestações e outras iniciativas, tem denunciado
os problemas estruturais, a situação de crise económica e social que se aprofunda, o baixo valor dos apoios e
os tempos demasiado longos para a sua atribuição, reivindicando a implementação de medidas mais