I SÉRIE — NÚMERO 46
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cabe ao Parlamento aferir qual o número de trabalhadores e que trabalhadores é que o hospital A, B ou C
precisa.
Importa também que, a esse ato de gestão das administrações dos hospitais, o próprio Governo possa dirigir
uma manifestação de interesse, uma força, e explique que, politicamente, tem força o combate à precariedade.
O Governo até hoje não o fez.
Por isso, Srs. Deputados, sobretudo Srs. Deputados proponentes das iniciativas e Srs. Deputados do Partido
Socialista que têm responsabilidade no Governo, os enfermeiros, os técnicos superiores de diagnóstico e
terapêutica, os técnicos auxiliares de saúde, os médicos têm, efetivamente, direito e legitimidade para
continuarem a queixar-se, porque os senhores não têm estado à altura de expressar apreço, de expressar
respeito e gratidão pelo quanto lhes devemos na sobrevivência do País, neste momento de pandemia.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): —Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alexandra Tavares
de Moura.
A Sr.ª Alexandra Tavares de Moura (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Uma primeira palavra
para saudar as iniciativas legislativas do PCP e do Bloco de Esquerda, que pretendem, de forma genérica,
reverter vínculos de contratação de profissionais na área da saúde, a que se juntou o projeto de resolução do
PEV, que propõe a conversão em contratos por tempo indeterminado de contratos de enfermeiros com vínculo
não permanente.
Neste debate reiteramos, mais uma vez, um agradecimento e uma saudação muito especial a todos os
profissionais de saúde, independentemente das carreiras em que estão neste momento inseridos, pois têm tido
um papel imprescindível no combate a esta pandemia.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, quando neste Plenário somos convocados para analisar as questões das
carreiras no Serviço Nacional de Saúde, é inevitável relembrarmos a forma como ainda antes da pandemia
encarámos a obrigação do reforço do Serviço Nacional de Saúde.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Alexandra Tavares de Moura (PS): — Contrariandoa diminuição das transferências do Orçamento
do Estado para o Serviço Nacional de Saúde, operada entre 2011 e 2015, no valor de 825 milhões de euros,
transferimos de forma continuada, sustentável, o valor de 2080 milhões de euros no período de 2016 a 2020.
Contratámos, entre 2016 e 2019, 15 500 funcionários públicos distribuídos pelas carreiras de medicina,
enfermeiros, técnicos superiores de saúde, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes
técnicos, assistentes operacionais, técnicos superiores. Este é o nosso respeito, Sr.ª Deputada do PSD.
Não estamos com isto a fugir ao debate, estamos a afirmar que, ao longo deste tempo, procurámos efetivas
soluções para um problema que era conhecido.
E dizemos mais: o que teria sido do Serviço Nacional de Saúde, dos seus profissionais e até de todos nós
se este reforço, entre 2016 e 2019, não tivesse começado? O que seria de nós e o que estaríamos aqui a dizer
hoje?
Aplausos do PS.
Foi uma mudança imensa, um crescimento enorme dos recursos humanos e dos recursos logísticos e um
crescimento enorme no investimento. Não podemos, agora, branquear este percurso, porque ele foi feito, nem
podemos olhar para o Serviço Nacional de Saúde — lamento dizê-lo — como se estivéssemos em 2014.
Também não aceitamos a crítica de que estamos parados, de que não procuramos soluções ou de que não
damos resposta a muitos dos problemas que encontramos no Serviço Nacional de Saúde, sejam estas respostas
dadas sob a forma de recursos humanos ou sob a forma de recursos logísticos.
Podemos até discutir, Srs. Deputados, se as propostas apresentadas são, ou não, adequadas do ponto de
vista jurídico, por proporem que se prescinda de procedimento concursal e por proporem retroatividade, mas o