26 DE FEVEREIRO DE 2021
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povo português. E assim é em Espanha. Parece que há um único vírus no mundo que afeta e que não afeta, ao
mesmo tempo, que é o vírus do Partido Socialista.
Diz o relatório que a população não conseguiu interiorizar a gravidade da situação. E é bom que os
portugueses saibam quem os acusa de o ter feito.
Mas é também o relatório que falta à verdade, porque, Sr. Ministro, não mencionou filas nos hospitais uma
única vez. E todos nos lembramos, no dia 15 e no dia 28 de janeiro, de filas intermináveis de ambulâncias à
porta dos hospitais, com o País atónito, a olhar para elas. Nem uma menção, no seu Relatório, da verdade!
Onde é que está a verdade quando não dizemos que houve filas intermináveis de ambulâncias à porta dos
hospitais?!
Mas também, e custa-me dizê-lo,…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, terminou o seu tempo.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Quero falar das morgues, Sr. Ministro! Referiu o caso do Algarve e não foi capaz de referir que o Hospital de
Santa Maria colocou contentores frigoríficos porque já não tinha lugar para os cadáveres.
É um relatório que falta à verdade, que falha à verdade, que falha aos portugueses!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Silva, de Os Verdes.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O presente
relatório incide sobre a última quinzena do mês de janeiro, período em que a incidência da epidemia conheceu
os números mais graves desde o seu início.
Neste período, Os Verdes querem destacar três factos marcantes.
O primeiro facto é a realização das eleições para Presidente da República, em que ficou demonstrado que
foi possível a sua realização assegurando todas as medidas de segurança e proteção sanitária. Foi possível
permitir que os portugueses exercessem o seu direito ao voto e escolhessem o Presidente da República.
É, pois, necessário valorizar todos aqueles — membros de mesa, delegados e trabalhadores, particularmente
das autarquias — que asseguraram um processo tão complexo como este. Mas é preciso, também, saudar os
eleitores que, com a sua participação, desmentiram as teses de catástrofe veiculadas por mensageiros da
desgraça.
Todos gostaríamos que a afluência às urnas fosse maior. Porém, nas circunstâncias em que estas eleições
se realizaram e perante a constante promoção do medo a que, durante semanas, assistimos, inclusive com
expressões preocupantes, a participação popular deu uma notável lição de civismo.
O segundo facto é a decisão do Governo de encerrar as escolas, sem assegurar uma alternativa para os
mais de 1 milhão e 200 mil crianças e jovens a frequentar o ensino obrigatório. O que nos leva à pergunta que
temos feito sempre: para que serve o estado de emergência?
Se não serviu para garantir que o encerramento das escolas coincidisse com medidas para prosseguir as
aprendizagens, se não serviu para adquirir a tempo os computadores em falta, se não serviu para reduzir o
número de alunos por turma, então, para que serve?
E, por último, as medidas drásticas tiveram consequências nos mais simples aspetos da vida das pessoas.
Aqui, mesmo à porta da Assembleia da República, trabalhadores da construção civil — setor que nunca confinou
— almoçam de pé, junto aos muros, enquanto os bancos do jardim, ali mesmo ao lado, estão interditos.
É preciso haver bom senso, o bom senso que faltou quando se proibiu, por exemplo, a venda de uma simples
garrafa de água em estabelecimentos, que até estão abertos para venda em takeaway.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, se o debate sobre o relatório do estado de emergência serve para
alguma coisa, é para confirmar as críticas e as dúvidas que manifestámos em momentos anteriores.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo PAN, o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Boa tarde, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:
No período a que reporta este relatório, Portugal tinha uma média de 12 mil novos casos de infeção diários, o