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26 DE FEVEREIRO DE 2021

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E o que aconteceu imediatamente antes, começando, por exemplo, pelo dia 8 de janeiro, foi que o Sr.

Primeiro-Ministro ouviu os partidos — todos os partidos — e não decidiu nada. A 8 de janeiro não decidiu nada!

E foi-lhe perguntado — a Sr.ª Ministra recordar-se-á — se não faria sentido fechar as escolas; foi perguntado se

não haveria um problema com a estirpe britânica, cuja notícia era óbvia e evidente já nessa altura, e a isso foi

respondido praticamente nada. O Governo esperou, e esperou até dia 12, dia em que reuniu com o Infarmed

(Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.)

No Infarmed, alguns dos especialistas, o Prof. Carmo Gomes, por exemplo, eram perentórios na ideia do

fecho das escolas. E o Governo, nada!

Protestos do Deputado do PS Porfírio Silva.

Dia 19 de janeiro, o Sr. Primeiro-Ministro esteve aqui. Foi confrontado por vários grupos parlamentares sobre

se não deveria fechar as escolas, sobre se não ia tarde, já, para fechar as escolas. Todos nos lembramos da

resposta: nem pensar, as escolas não tinham nada a ver com o assunto, não havia nenhuma razão para fechar

as escolas — em 19 de janeiro. O Governo acabou por fechá-las a 22 de janeiro. E nesse mesmo dia, mandando

as crianças para casa de férias, o Sr. Ministro da Educação quis proibir o ensino, inclusivamente, a quem estava

em condições de o fazer na mesma altura,…

Protestos do Deputado do PS Porfírio Silva.

Mas é, de resto, curioso que, imediatamente a seguir, quando finalmente começou o ensino à distância, a

primeira declaração do competentíssimo Ministro da Educação foi a seguinte: «Temos de começar a pensar na

abertura». É absolutamente extraordinário!

O que aconteceu aqui? Depois do que tinha acontecido no Natal e depois, repito, de 8 de janeiro, de 12 de

janeiro, de 19 de janeiro, só a 22 o Governo decide aquilo que é óbvio. E o que aconteceu na parte final do mês

de janeiro? Portugal é tão-só o pior país do mundo em número de contágios, em situações de internamento, em

número de mortes.

Estas coisas não sucedem só porque acontecem. Há uma relação óbvia entre a ausência de decisão, entre

a confusão e aquilo que acabou por acontecer no nosso País: as situações de pressão e, até, de rutura que

vimos no Amadora-Sintra — felizmente, não foi mais grave a situação —, e as ambulâncias que, de facto, vimos

paradas à porta dos nossos grandes hospitais. Mas o discurso é o de que a culpa é de todos.

É, de resto, curioso a Sr.ª Ministra da Presidência, ontem ou anteontem, vir dizer ao País: «Nós fizemos tudo

para não fechar as escolas». Veio explicar que era uma questão social e, sobre isso, tem a opinião dela, não

interessa, mas disse que fez tudo para não fechar as escolas.

A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Pois fizemos!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, a pergunta é: o que é que isso nos custou em contágios,

em doentes e até em mortes? O que é que essa decisão nos custou? Esse é que é o ponto! Porque não venham

dizer que não sabiam…

O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.

Não venham dizer que não sabiam, porque os relatórios sobre a estirpe britânica são de meados de

dezembro, o alerta internacional é de 20 de dezembro. A partir de 20 de dezembro, a maior parte dos países

começaram a fechar por causa disso…

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Nós tardámos e, por isso, há uma consequência e há responsabilidades.

É preciso saber o que aconteceu, até para se saber o que tem de se fazer no futuro.